Isolado devido a desastrosa condução do enfrentamento à pandemia, e diante de persistentes protestos, o presidente norte-americano, Donald Trump, está apelando para a violência paramilitar. Na semana passada, a Oregon Public Broadcasting (OPB – TV e rádio estatais de Oregon) informou que “policiais federais têm usado veículos não identificados para dirigir pelo centro de Portland e deter manifestantes desde pelo menos 14 de julho”. De acordo com a OPB, policiais federais, vestindo uniformes de camuflagem, mas sem nenhuma outra insígnia visível, estão detendo os cidadãos. As pessoas estão sendo presas sem qualquer explicação. Os protestos agitam Portland há mais de seis semanas.
A reação de Trump às manifestações contra seu governo ativam a ideia da guerra ao terrorismo e, similar à tática de Bolsonaro e seu governo militar, de combate ao inimigo interno. Os policiais federais estão agindo de forma ilegal e inconstitucional, alertam advogados e juristas norte-americanos. “Parece mais um sequestro. Parece que eles estão sequestrando pessoas das ruas”, disse o advogado Juan Chavez à OPB. De acordo com rede de televisão do Oregon, ele acrescentou que essas detenções não seguem nenhuma regra ou legislação prevista. Para o advogado norte-americano, “é como se as abordagens policiais para revista se encontrassem com a baía de Guantánamo”.
Frente à crise, o secretário interino de Segurança Interna, Chad Wolf, divulgou nota afirmando que a cidade de Portland está sitiada, há 47 dias seguidos, por uma multidão violenta”, segundo ele, sem atender aos apelos para desmobilização. O ataque aos manifestantes vem acompanhada do bordão “lei e ordem”, símbolo da campanha de Trump pela reeleição. “O presidente não está conseguindo liderar esta nação. Agora ele está destacando policiais federais para patrulhar as ruas de Portland em um flagrante abuso de poder pelo governo federal”, advertiu a governadora do Oregon, Kate Brown, em seu perfil no Twitter.
Na mesma linha autoritária, Trump afirmou no final de semana que “terá de ver” se aceita o resultado da votação, marcada para novembro Em entrevista ao programa Fox News Sunday, na TV americana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não confirmou se aceitará o resultado das eleições presidenciais. No programa, Trump disse que “terá de ver” se a votação será legítima, apontando sua desconfiança para o voto pelos correios que, segundo ele, “pode ser fraudulento”. A manifestação de Trump ocorre quando o democrata Joe Biden abriu 15 pontos de vantagem nas pesquisas.
Bolsonaro retoma ameaças
Irmão siamês de Trump em ações políticas sincronizadas, igualmente ameaçado pela postura genocida diante da pandemia, Bolsonaro reativou neste final de semana as ameaças ao processo democrático brasileiro. “Estamos nos preparando para 2022, fiquem tranquilos que o partido irá sair. Lógico que sempre temos uma alternativa se der errado, mas será bem diferente de 2018. Pode acreditar na democracia, nós vamos mudar o Brasil com as armas da democracia”, afirmou Bolsonaro. Agitando uma caixa de hidroxicloroquina, Bolsonaro fez a declaração diante de apoiadores na frente do Palácio Alvorada, neste domingo. Para Bolsonaro, a defesa da democracia é “missão das Forças Armadas”.
No Brasil, as ações paramilitares foram paralisadas, em parte, pela ação do Supremo Tribunal Federal, que dispersou os grupos mais atuantes, a exemplo do “300 do Brasil”, e ativistas como Sara Winter, atualmente em prisão domiciliar. No entanto, Bolsonaro insiste em defender a liberação de armas para a população, e ainda em estimular a violência policial, que cresceu nas periferias, especialmente contra os negros. A ação da Polícia Militar de São Paulo tem protagonizado atos de extrema violência, algumas delas flagradas e denunciadas pela população agredida.