Na pandemia, com estímulo de Bolsonaro, violência policial explode

“Com discurso agressivo e genocida, Bolsonaro estimula e valida o comportamento violento e pouco eficaz no combate ao crime”, denuncia o deputado Carlos Zarattini (PT-SP). “A ação truculenta é cotidiano nas periferias brasileiras. Todo dia temos um George Floyd. Até quando?”, questiona a deputada Erika Kokay (PT-DF)

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Violência policial cresceu no Brasil durante a pandemia

A crescente violência policial nas periferias do Brasil, especialmente contra os negros, é uma infeliz companhia para o Covid-19 que já matou mais de 70 mil brasileiros. A agressão contra uma mulher negra, de 51 anos, na periferia de São Paulo, revelada no final de semana pela mídia, é a mais recente manifestação da crônica violência policial brasileira. Em sintonia com o ideário da relação dos presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump em outros campos, a abordagem policial na capital paulista reproduziu a violência contra o norte-americano George Floyd. Aqui, como em Minneapolis, o policial pisou no pescoço da vítima com o mesmo desprezo pela vida humana.

A ação violenta registrada em vídeo que causou indignação nas redes sociais, está se tornando corriqueira no cotidiano da periferia da capital paulista em particular. De janeiro a maio de 2020, 442 pessoas foram mortas por policiais militares dentro e fora de serviço no estado de São Paulo. O total deste ano ultrapassou o número de mortos por PMs em 2003, com 409 mortes em decorrência de intervenção policial, segundo a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno. O número registrado neste ano é o maior de toda série histórica iniciada em 2001.

Todo dia, um George Floyd

“Não são fatos isolados. Isso acontece todos os dias e precisa de um basta. Todo dia temos um George Floyd”, advertiu o senador Humberto Costa (PT-PE). Para a deputada Erika Kokay (PT-DF), a ação truculenta é rotineira nas periferias brasileiras. “Todo dia temos um George Floyd. Até quando?”, questiona. “Não podemos ignorar essa violência desmedida e ataques sistemáticos à dignidade da pessoa humana. É urgente a mudança da abordagem policial”, cobrou o senador Paulo Paim (PT-RS).

O aumento da violência policial, não apenas em São Paulo, é contraditório com a realidade de isolamento social de grande parte da população durante a pandemia. Enquanto a letalidade policial aumentou 70% no último período, outros crimes violentos caíram durante a quarentena. Em maio, por exemplo, os estupros caíram 46%, de 285 registros, em 2019, para 155, neste ano. Os furtos em geral, por outro lado, caíram 49% – de 46.625, em maio de 2019, para 23.778, em maio de 2020. Os roubos também caíram 28,5%. Os roubos de veículos caíram 51%.

Bolsonaro estimula violência

Os indicadores crescentes de violência policial apontam para a responsabilidade do governo federal, em particular do presidente Jair Bolsonaro. “Com discurso agressivo e genocida, Bolsonaro estimula e valida o comportamento violento e pouco eficaz no combate ao crime”, denuncia o deputado Carlos Zarattini (PT-SP). “São recorrentes os episódios em que ele minimiza agressões e até mortes de inocentes cometidas por policiais”, continua. “O presidente, de certa forma, corrobora com os assassinatos”, sentencia o deputado paulista.

As abordagens violentas em tantos lugares ao mesmo tempo indicam a existência de “conivência com estas ações por parte do comando”, aponta Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. “O crescimento da letalidade policial durante a quarentena, em que metade da população está dentro de casa, e em um período em que os crimes patrimoniais estão despencando parece indicar o descontrole da PM, tornando cada vez menos factível a tese de que são ‘casos isolados’ ou desvios individuais de conduta”, alerta ela.

Deputado Carlos Zaratini (PT-SP): ”Bolsonaro estimula e valida o comportamento violento e pouco eficaz no combate ao crime”. Foto: Gustavo Bezerra

Ainda, segundo Zarattini, outro elemento que ajuda no aumento da violência é a relação de boa parte das tropas com o bolsonarismo. Para o deputado petista, “com discurso agressivo e genocida, Bolsonaro estimula e valida o comportamento violento e pouco eficaz no combate ao crime”. Por conta disso, Bolsonaro tenta aprovar no Congresso o Projeto de Lei 882/19, que prevê ampliação do “excludente de ilicitude”, para evitar a punição de policiais violentos. “Uma verdadeira licença para matar sem qualquer possibilidade de punição pela Justiça”, diz Zarattini.

Lutar contra o fascismo

Para o senador Rogério Carvalho (PT-SE), líder da bancada do Partido dos Trabalhadores no Senado Federal, é preciso dar um basta nesse quadro de crescente violência contra o povo. “Nunca em nossa história a polícia teve atos tão violentos com as pessoas quanto agora com o presidente Bolsonaro e seus governadores bolsonaristas”, lamentou. Para enfrentar a situação, vários projetos de lei e Propostas de Emenda à Constituição (PECs), em tramitação no Congresso, tem como tema o enfrentamento a violência policial.

“É nítida a escalada racista nos últimos tempos em todo mundo, principalmente no Brasil e nos EUA, em consequência da ação de governantes antidemocráticos como Bolsonaro e Donald Trump”, alertou o Partido dos Trabalhadores, em nota de protesto contra a violência policial contra pobres e negros nas periferias. Para o PT, “lutar contra o fascismo é lutar contra o racismo, o machismo, a LGBTfobia e toda forma correlata de discriminação e desigualdade que atinge, sobretudo a população mais vulnerável em nosso país”.

Da Redação

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