Uma das frases mais disseminadas do filósofo alemão Karl Marx diz que a “história se repete primeiro como tragédia, depois como farsa”. Não deixa de ser emblemático que, quase dois séculos depois, a sentença do patrono da esquerda mundial tenha sido reescrita justamente no dia em que a prisão política de Lula completou 365 longos dias. Mas não é tempo para lamentações e o ato de encerramento da Caravana Lula Livre pelo Sul, ocorrido neste 7 de abril, construiu um dos capítulos mais convincentes da história recente do Brasil ao reunir milhares de pessoas em torno de uma única causa: lutar pela liberdade do ex-presidente e devolver o país ao seu povo.
Ambas as missões têm sido cumpridas por Fernando Haddad, cuja reverência e lealdade ao mestre se somam a um magnetismo cada vez maior para dialogar com a multidão. “Isso tudo começa porque eles (adversários políticos) não engoliram a quarta derrota seguida em 2014. Eles não aceitaram o resultado das urnas e começaram a criar a instabilidade no país. Eu tive a honra de ser o representante de Lula nas eleições, mas com certa tristeza no coração porque eu queria era ver o Lula subir a rampa do Palácio do Planalto mais uma vez”, ponderou o candidato do PT nas últimas eleições.
A declaração de Haddad não é mera retórica. Intelectual brilhante, vencedor de inúmeros prêmios de gestão pública e respeitado pela academia mundo afora, ele sabe o que está em jogo no país caso Lula permaneça mantido em cárcere político. “Quando o povo compreender o que está em jogo nós vamos juntar mais gente nas ruas. Somos 10 mil aqui, mas estão acontecendo atos por todo o mundo. Lula não teve nenhum privilegio na vida, superou todos os obstáculos, abraçou o movimento popular, subiu a rampa e fez a diferença, e essa diferença que eles vão ter que aceitar, porque nós estaremos nas ruas defendendo os direitos do povo”, avisou para resposta imediata da militância vinda de todas partes do país.
É nas ruas, portanto, que a maior farsa existente no país no momento será desmascarada. “Um homem que não aprovou nenhum projeto, quem teve 30 anos de férias e se aposentou aos 33 anos de idade no exército. Essa elite conseguiu colocar um dos piores brasileiros na Presidência, e o melhor brasileiro na Polícia Federal. Lula é um homem que tem proposta, sabe cuidar das pessoas, cuidar dos pobres. Lula foi condenado por ter começado uma revolução no Brasil”, finalizou Haddad.
A carta de Lula
A condenação sem provas de Lula também tinha como objetivo calar o ex-presidente – desde o primeiro dia em que está sequestrado pela Justiça já tentaram de tudo para evitar que sua voz voltasse a tocar os corações e mentes do povo brasileiro.
Em vão. Por meio de cartas, ele tem feito mais pelo país do que o militar eleito por meio de fake news nas últimas eleições. A deste domingo (7), lida com a clareza de sempre da combativa presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, deixa isso muito claro. “Há exatamente um ano, estou preso pelo crime de dedicar uma vida inteira à construção de um Brasil mais justo, desenvolvido e soberano”,relembra o ex-presidente logo no início da carta, para o pânico de quem hoje se arrepende em ter votado no despreparado Jair.
Por fim, com o otimismo que só os grandes seres conseguem preservar mesmo diante de tantas atrocidades, Lula avisa: “Estamos vivos e fortes. Juntos, vamos reverter cada retrocesso, cada passo atrás na dura caminhada rumo ao Brasil que sonhamos e que provamos ser possível construir. Venceremos.”
E vencer, aqui, é mais uma vez negligenciar o que afirmou Marx no passado e fazer a história se repetir. Como glória.
Por Henrique Nunes da Agência PT de Notícias