Os militantes que estão em greve de fome desde o dia 31 de julho pela liberdade do ex-presidente Lula têm audiência nesta quinta-feira (9) com o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF). Esta semana eles protocolaram pedidos de audiência com os onze ministros da Corte para pedir pressa na votação das Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADC’s) 43 e 44, que tratam da prisão após condenação em segunda instância.
Lula foi condenado pelo juiz Sérgio Moro no caso do tríplex do Guarujá, sem crime nem provas de qualquer ato ilegal até mesmo porque o que ficou comprovado é que o apartamento não pertence ao ex-presidente e, sim, a construtora OAS. Mesmo assim, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) confirmou a decisão de Moro e, desde o dia 7 de abril, Lula é mantido preso político na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.
Para os militantes da greve de fome, a Constituição garante a Lula o direito de se defender em liberdade e é por isso que eles estão lutando.
Há dez dias sem alimentar, a saúde dos militantes já preocupa o médico que acompanha a rotina dos grevistas. Vilmar Pacífico, Zonália Santos, Luiz Gonzaga (Gegê), Rafaela Alves, Jaime Amorim e Frei Sérgio Görgen estão bastante debilitados. Já Leonardo Soares, que está em seu segundo dia de Greve de Fome, começa a sentir os primeiros sintomas provocados pela falta de alimentos.
Nesta quarta-feira (8), eles receberam visitas em apoio e solidariedade no Centro Cultural de Brasília, onde estão abrigados. Durante todo o dia grupos de parlamentares se revezaram nas visitas.
A senadora pelo Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, trouxe a solidariedade de todos os professores, pedagogos e do povo do seu Estado. “O que vocês estão fazendo aqui é o maior ato de amor ao povo brasileiro que alguém poderia fazer”, afirma a senadora.
Entre todas as visitas, a que mais emocionou foi a dos petroleiros e das petroleiras, segundo os militantes da greve de fome. O momento foi simbólico. Teve mística e reforçou o compromisso de ambos os grupos – grevistas e petroleiros – com o povo brasileiro.
“Foi um momento muito forte, eles entraram na sala com os jalecos vestidos e durante a visita, entregaram um para cada um de nós como símbolo de compromisso para com o Brasil, para com a nossa soberania nacional”, disse Zonália com lagrimas nos olhos.
Para selar o compromisso, Rafaela e Jaime, já debilitados pelos nove dias sem se alimentar, entregaram ao pequeno João, neto de uma das petroleiras que veio prestar solidariedade, um boné do Movimento Sem Terra e um livro de histórias em quadrinho de Alexandre Beck, o “Armandinho”.
Entre uma lágrima e outra, Jaime finaliza, “agora eu sou um sem-terra e petroleiro, e você, é um petroleiro e sem-terra”, palavras ditas agachado em frente ao menino. Rafaela por sua vez explicou porque no Brasil tem tantos passando fome, a criança com os olhos fixos e atentos nas expressões e palavras da jovem camponesa, diz entender.
Ao final da tarde, por orientação da equipe médica, os sete grevistas recolheram-se ao descanso mais cedo para diminuir o desgaste energético, levando em consideração que esta é uma greve de fome que teve dia para iniciar, e não tem data marcada para encerar.
Por CUT