Aos 37 anos, o Partido dos Trabalhadores construiu mais uma marca na sua história, na noite desta quarta-feira (5), ao dar posse à primeira mulher presidenta do PT, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
Ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidenta eleita Dilma Rousseff, Gleisi falou da sua alegria de estar ali, ao lado da militância petista.
“Para mim, é um dia singularmente importante. Tenho 27 anos de PT, e não imaginava ser presidenta nacional do meu partido. Tenho orgulho de ser a primeira mulher a ser presidenta do PT. Mas sei do tamanho dos desafios e conto com todos os companheiros, mas principalmente com todas as companheiras”, declarou em seu discurso de posse.
A presidenta ainda saudou as mulheres petistas, “nossas guerreiras”, destacando a dificuldade de ser mulher na política, um mundo muito masculino.
“Minha presidência é, sobretudo, fruto da luta das mulheres, inclusive daquelas mulheres anônimas, que lutaram para que tivéssemos espaço, mesmo em um partido como o PT, o que mais tem políticas para as mulheres, o primeiro partido a ter paridade”, enfatizou.
A primeira mulher presidenta do PT ressaltou: “Sou resultado dessa luta, de política de cotas, da paridade, da luta pela igualdade de homens e mulheres no PT”.
A nova presidenta do PT fez questão de agradecer a todos aqueles que confiaram na sua trajetória, que possibilitaram que ela chegasse onde chegou. E fez um pedido ao conjunto do partido.
“Ter o apoio, a confiança, mas, sobretudo, o companheirismo de vocês. Ninguém faz nada sozinho. Não tem como tomar nenhuma decisão certa e correta a não ser no coletivo. Vou precisar muito dessa Direção Nacional que está aqui, da Executiva que vamos empossar amanhã e da nossa militância que tem sido de grande força e energia para nós”.
Gleisi destacou que quer presidir o PT esse partido junto com todos os petistas, “mulheres, homens, jovens, negros, com todos aqueles que lutam por um mundo melhor e acreditam na causa que nos move, para defender o povo brasileiro”.
Esta defesa, enfatizou a presidenta, também será do presidente Lula, alvo de perseguição jurídica e midiática.
“Não vamos descansar um minuto para fazer a sua defesa, presidente Lula. Não pensem eles que uma sentença de um juiz de primeiro grau vai inviabilizar o processo democrático, deixando Lula de fora das eleições. Nós temos que dizer em alto e bom som que uma eleição presidencial sem Lula não é eleição, é fraude à democracia brasileira. Que Lula não é mais candidato do PT à Presidência, é candidato de uma parcela expressiva do povo brasileiro, daqueles que querem que o Brasil seja reconstruído e que a gente continue a nossa política de mudança”, apontou.
PT precisa ter clareza do seu lado da história
Gleisi não esqueceu aqueles que a precederam na presidência do partido, nomeando cada um dos ex-presidentes do PT. E fez um agradecimento especial a Rui Falcão, que, com esta posse, entrega a presidência à senadora.
“É um desafio suceder Rui Falcão, que esteve à frente do PT nesses momentos mais difíceis”.
O fundador do PT, que faleceu em maio deste ano, Antônio Candido, também foi lembrado por Gleisi em sua fala. A senadora destacou que o sociólogo não tinha dúvida do seu lado na história.
“E nós também não podemos ter, que é ao lado da imensa maioria do povo brasileiro, dos trabalhadores”.
Para ela, o PT precisa se perguntar, todos os dias, qual a sua razão de existir e o motivo da fundação do partido.
“Por que e para que constituímos esse partido, para quem nós governamos e para quem nós queremos voltar a governar? Tendo essa clareza, tendo claro o nosso lado da história, não tem vendaval nem caçada que possa nos arrebatar. É por isso que nós estamos aqui, de cabeça erguida, olhando para frente”, enfatizou.
Porém, a presidenta do PT tem certeza que não será possível seguir trilhar esse caminho sozinha, lembrando todos aqueles que fizeram questão de prestigiar a posse do novo Diretório do PT, como o PCdoB, PDT, PSB, além dos movimentos sociais, como CUT, UNE, MST, Contag, entre outros.
Gleisi destacou, a final, que a nova direção do PT tomou a decisão de iniciar essa gestão conversando com aqueles que fazem a interlocução do partido com o povo, que são setoriais e secretarias.
“Vamos começar pelas secretarias de Juventude e de Mulheres. E queremos resgatar, ainda, uma dívida que temos e que respondemos no nosso 6º Congresso, que é a criação da secretaria Nacional LGBT”, afirmou.
Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias