“Poucas coisas podem ser mais descaradas do que isto. Sempre alertamos que Moro atuava como militante, e não como magistrado”, reagiu o líder da Bancada do PT no Senado Federal, senador Lindberg Farias (PT-RJ) à confirmação do juiz parcial e arbitrário para o Ministério da Justiça do governo de Jair Bolsonaro. “Depois de interferir no processo eleitoral, vira ministro do candidato beneficiado por ele. Em qualquer lugar do planeta isso seria um escândalo”, completou Lindbergh.
“Moro será ministro de Bolsonaro depois de ser decisivo para sua eleição, ao impedir Lula de concorrer. Denunciamos sua politização quando grampeou a presidenta da República e vazou pra imprensa; quando vazou a delação de Palocci antes das eleições. Ajudou a eleger, vai ajudar a governar”, afirmou em sua rede social a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores.
Apesar disso, cinicamente, Moro escreveu em sua nota, que “para evitar controvérsias desnecessárias”, se afastaria “desde logo de novas audiências”. Em 2016, em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, afirmou que “jamais” concorreria ou aceitaria um cargo político. “Sou um homem de Justiça e, sem qualquer demérito, não sou um homem da política”, disse Moro. “Não existe jamais esse risco”.
Entre as diversas lideranças políticas que se manifestaram, Guilherme Boulos, do PSOL, destacou que “Sérgio Moro resolveu assumir sua condição de político profissional”. Para Boulos, “não há problema algum em um juiz deixar a magistratura para fazer política. O problema é ter passado alguns anos fazendo isso vestido de toga”, continuou. “Mais do que nunca, suas decisões estão colocadas sob suspeição”, denunciou.
O vice-presidente eleito, o general Hamilton Mourão, confirmou a existência de um acordo entre Bolsonaro e Moro, que já estava selado há muito tempo. Em entrevista à Folha de S.Paulo, o militar disse que o juiz já havia sido sondado durante a campanha do candidato do PSL. “Isso já faz tempo, durante a campanha foi feito um contato”, afirmou.
Ao longo da operação, as constantes viagens de Moro aos EUA despertaram suspeitas sobre suas relações com os interesses norte-americanos. O resultado da Operação Lava Jato desmontou a infraestrutura, a indústria e a tecnologia nacional. Agora, resultou na eleição de um governo totalmente alinhado aos interesses políticos, econômicos e militares norte-americanos, alertam os analistas internacionais.
A indicação do juiz Sérgio Moro para o Ministério da Justiça completa o ciclo do golpe de Estado acelerado com a Operação Lava Jato, voltada contra o Partido dos Trabalhadores e suas lideranças. Ironicamente, Moro aceitou o convite em reunião na casa do novo presidente no mesmo dia em que Bolsonaro também recebe o embaixador dos Estados Unidos no Brasil. “Tudo dominado! Crime ou recompensa?”, questionou o senador Jorge Viana (PT-AC).
Por PT no Senado