Com a preocupação pelo surgimento de diversas doenças por causa das enchentes no Rio Grande do Sul, o Ministério da Saúde tem intensificado as vacinações no estado, em especial, contra a leptospirose. De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, a pasta mobilizou mais R$ 202 milhões para ações emergenciais e de manutenção e ampliação da assistência à saúde no estado, além dos R$ 1,7 bilhão já destinados pelo governo federal.
O anúncio foi feito na terça-feira (21) em entrevista coletiva em Porto Alegre. A iniciativa se junta à divulgação, no final de semana, sobre o quarto hospital de campanha, cuja instalação começa esta semana na cidade de Novo Hamburgo, compondo o amplo pacote de ações do governo federal para dar suporte à população atingida pelas inundações.
Em suas redes, a ministra postou trecho da coletiva em que detalha a divisão das verbas.
“São R$ 202 milhões tanto para ações emergenciais quanto para ações de reconstrução. Em relação a recursos emergenciais serão liberados R$ 66,3 milhões. À farmácia básica, que é fundamental, serão R$ 9,8 milhões. Um recurso de custeio para o atendimento doenças respiratórias, que são uma grande preocupação neste momento, estamos destinando em parcela única para o estado no valor de R$ 56,6 milhões”, destacou Nísia, ao citar que os recursos para reconstrução e fortalecimento do SUS totalizam R$ 135,9 milhões.
Ao lado de Paulo Pimenta, ministro da Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul e de Waldez Góes, da Integração e Desenvolvimento Regional, Nísia chamou a atenção para a importância de os moradores buscarem atendimento médico diante dos sintomas da leptospirose, doença infecciosa aguda causada pela bactéria Leptospira, transmitida pela urina de animais infectados, principalmente ratos, e que vitimou duas pessoas.
“É um problema evitável se as pessoas com febre, dor lombar, dor na panturrilha imediatamente procurarem o atendimento de saúde”, orientou a ministra em entrevista coletiva em Porto Alegre, conforme divulgou a Agência Brasil.
“Estamos ainda num momento de resposta emergencial, mas já demos passos importantes no sentido do fortalecimento do SUS no estado, nos municípios e também da reconstrução à saúde nesse esforço global do governo federal. Não é só um desafio de reconstrução de todo o estado, mas é um desafio para o Brasil”, afirmou a ministra. A região atingida pelas inundações tem 300 municípios classificados como em emergência e 40 em situação de calamidade.
Ministra alerta para importância da vacinação
Nísia alertou que o maior risco é o de doenças respiratórias e orientou para que as pessoas tomem as vacinas. “Vamos estar atentos aos sintomas, vamos nos vacinar para influenza e covid-19 – estamos com a vacina atualizada. A vacinação está sendo feita. Não acreditem nas informações de que não vai haver vacina ou de que a vacina faz mal”, assinalou a ministra.
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Após a primeira etapa de resgates e salvamento de vidas, a ministra apontou que, com o rebaixamento do nível das águas, é preciso agir diante da questão das doenças infecciosas.
“O atendimento à saúde continua a funcionar – e isso é muito importante – em todo o estado. Claro que com baixas, com dificuldades. Mas essa nossa organização permite que as pessoas tenham esse atendimento, seja nas unidades que não foram destruídas, nos hospitais de campanha, nos abrigos, onde está sendo feita, por exemplo, a vacinação”, reforçou a ministra ao pedir à população que não se automedique.
“As orientações aos profissionais de saúde já foram dadas. Vamos procurar esse atendimento para evitarmos que a automedicação leve a um agravamento de quadros”, alertou. O uso de antibióticos corretos na primeira semana dos sintomas conduz a altas chances de cura.
Quarto hospital de campanha fará 200 atendimentos por dia
Com atendimento 24 horas, o quarto hospital de campanha do Ministério da Saúde no RS terá seis médicos, três enfermeiros e técnicos de enfermagem. Nos próximos dias o Comitê de Operações Emergenciais do Rio Grande do Sul divulgará a data do início do funcionamento.
A nova unidade tem para realizar entre 150 e 200 atendimentos diários. Sua estrutura é financiada pela Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) e pelo Grupo Hospitalar Conceição (GHC).
Além de Novo Hamburgo, outros três hospitais de campanha já foram instalados em Porto Alegre, Canoas e São Leopoldo, cujo atendimento foi iniciado no último sábado (18).
Desde o dia 6 de maio, a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) realizou mais de 2,8 mil atendimentos no Rio Grande do Sul. O hospital de campanha de Canoas registrou 1,7 mil atendimentos e o de Porto Alegre, 257. Equipes móveis atenderam 759 pessoas, sendo 55 remoções aéreas.
Da Redação, com Agência Brasil