Partido dos Trabalhadores

Ministro da Educação afronta Constituição mantendo data do Enem

Na defesa dos maiores interessados, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a União Nacional dos Estudantes (UNE) lançaram a campanha #AdiaEnem. “O País sequer sabe se o calendário escolar de 2020 será cumprido antes da data arbitrada pelo MEC para a realização do Enem”, questiona o senador Jean Paul Prates (PT-RN)

Alessandro Dantas

Senador Jean Paul Prates (PT-RN)

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, declarou que o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) não será adiado e que não foi feito para corrigir injustiças. A posição do ministro encontra forte resistência entre os estudantes, professores e pais, que defendem o adiamento. Com razão, os críticos do ministro alegam que a falta de aulas presenciais e a dificuldade de acesso à internet prejudicará os estudantes mais pobres.

Na defesa dos maiores interessados, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a União Nacional dos Estudantes (UNE) lançaram a campanha #AdiaEnem. Os estudantes argumentam queno Brasil não existe  universalização do acesso à internet. Dessa forma, para eles, manter a data das provas prejudicará estudantes que não conseguem acompanhar aulas online, por falta de acesso. As inscrições para o Enem estão previstas para começar na próxima segunda-feira (11/5), indo até 22 de maio.

 

Um dos principais críticos da posição equivocada e antidemocrática de Weintraub, é o ex-ministro da Educação, Fernando Haddad. “Weintraub diz que o Enem não existe para corrigir injustiças. Falso: quando ele foi reformado em 2009 para substituir o vestibular das federais e viabilizar o SiSU ele corrigiu grandes injustiças”, rebateu. Para Haddad, “hoje, os estudantes pedem algo um pouco diferente: um pouco de ISONOMIA!”, advertiu ele em seu perfil no Twitter.

Projeto propõe adiamento

O Congresso Nacional também têm questionado a realização das provas em razão das dificuldades impostas pelo isolamento social. Para o senador Jean Paul Prates (PT-RN), “ao insistir em manter o calendário do Enem, como se nada de grave estivesse acontecendo no mundo, o ministro criou a sua versão particular de negacionismo da crise do coronavírus”. A proposta do ministro, segundo Prates, “aprofunda ainda mais a desigualdade de condições de concorrência para a maioria de estudantes pobres”.

“Insistir em manter o cronograma do exame afronta o princípio constitucional da isonomia. Ignora o respeito às diferenças entre as pessoas, fatos e situações prescritos na nossa Carta Magna”

Senador Jean Paul Prates (PT-RN)

Para enfrentar a injusta proposta do governo Bolsonaro, o senador Jean Paul Prates apresentou projeto para garantir as condições adequadas à realização do Enem. “O Exame Nacional do Ensino Médio, Edição 2020, em suas versões impressa e digital, não poderá ser aplicado antes do término do ano letivo pelas escolas públicas que ofertam ensino médio, inclusive se o término do ano letivo for adiado para o ano civil de 2021”, defende o projeto.

“O País sequer sabe se o calendário escolar de 2020 será cumprido antes da data arbitrada pelo MEC para a realização do Enem”, questiona o senador petista. “Insistir em manter o cronograma do exame afronta o princípio constitucional da isonomia. Ignora o respeito às diferenças entre as pessoas, fatos e situações prescritos na nossa Carta Magna”, alerta.

Conheça o projeto