Em pouco mais de um mês de governo já é possível perceber que os critérios de Bolsonaro para nomear seus ministros se norteiam por dois pontos: bizarrices e crimes cometidos.
Temos o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que admitiu ter recebido caixa 2; temos a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, que além de falas homofóbicas e de mentir sobre o diploma de Educação e Direito, é acusada de sequestrar uma criança indígena; e temos também o ministro do Meio Ambiente acusado de crimes (pasme) ambientais e cujos mal-feitos apenas se avolumam.
O advogado Ricardo Salles, que fez carreira na política pulando de um partido para outro, assumiu o cargo mesmo tendo sido condenado, em dezembro de 2018, por improbidade administrativa e ter os direitos políticos suspensos por três anos.
Uma reportagem do site The Intercept Brasil publicada nesta segunda-feira mostra em detalhes as práticas criminosas de Ricardo Salles quando ocupava a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo.
Quando ainda era secretário do Meio Ambiente de São Paulo, o ministro de Bolsonaro, em conluio com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), adulterou um mapa ambiental e beneficiou indústrias e principalmente mineradoras.
Ricardo Salles, que já foi secretário de Geraldo Alckmin, é acusado pelo Ministério Público de São Paulo também por se apresentar — mesmo trabalhando para uma empresa privada — como uma pessoa “ligada ao governo do estado”.
Secretário “particular” de Alckmin
A reportagem aponta que em 2013, quando era secretário particular de Alckmin, e recebia um salário de R$ 12 mil, quase foi preso por não pagar pensão aos filhos e alegou não ter “condições financeiras”. Cinco anos depois, nas eleições (seu quarto fiasco nas urnas) declarou um patrimônio de R$ 8,8 milhões, um aumento de 4000% em relação a 2006.
Se já não bastasse a falta de postura e a defesa dos interesses da indústria, Ricardo Salles ainda defende outra medida estapafúrdia: a licença ambiental por autodeclaração. O ministro de Bolsonaro, que quer afrouxar as leis para quem destrói o meio ambiente, pretende aprovar o licenciamento para o setor a partir do empresário. Para ele, se o empreendedor disser que a obra está dentro das normas a fiscalização vem só depois. Fazendo uma analogia bem simples: é como se as raposas tomassem conta do galinheiro prometendo não comer as galinhas.
Da Redação da Agência PT de notícias, com informações do Intercept