Centenas de amigos, familiares, ex-colegas de militância e do Partido dos Trabalhadores se reuniram neste sábado (3) no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, com a presença do ex-presidente Lula, para relembrar a memória de Marisa Letícia Lula da Silva, que faleceu um ano antes.
Quem ministrou a missa foi o bispo Dom Angélico Sândalo Bernardino, que conheceu Lula e Marisa ainda no sindicato nos anos 1970.
Dom Angélico falou sobre como Dona Marisa foi vítima de uma conspiração, afirmando que “vivemos em um mundo convulsionando, por conta do poder econômico, que se articula politicamente”.
Ele relembrou como o momento presente, de golpe jurídico-civil-parlamentar, lembra o golpe de 1964, que para ele foi civil-militar, por conta da participação do mesmo poder econômico.
“Marisa Letícia continua viva”, afirmou Angélico após relembrar a importância de Marisa na mobilização das mulheres no sindicato, sendo aplaudido em seguida.
Em um discurso emocionado, Lula relembrou como Marisa sempre lhe incentivou, mesmos nos momentos de maios dificuldade, falando para que levantasse a cabeça.
O ex-presidente conheceu a sua esposa no sindicato do ABC em 1973, sendo que eles se casaram no ano seguinte, em 1974. “Ela não foi uma mulher que teve facilidade na vida dela. Ela começou a trabalhar muito nova. Depois casamos e a minha dedicação com sindicato, greves e tudo o que acontecia não me permitiu conviver com ela como deveria”.
“A única coisa que posso dizer com certeza é que se tiver céu a Marisa está lá”, disse Lula, emocionado.
Ele relembrou que em 78 foi eleito presidente do sindicato e prometeu a Marisa ser esse seu último mandato. “Foi só uma promessa. Porque depois vieram as greves de maio, junho, novembro. Foi um ano de maior efervescência na história do País”.
O ex-presidente relembrou como gostaria de ter cumprido a promessa de voltar para a casa para uma vida normal, exaltou que a memória de Marisa segue na família e elogiou a forma como a esposa era ao mesmo tempo gentil e dura quando necessário.
“Ela está dizendo para mim exatamente o que minha mãe me dizia: a luta continua. Eu perdi muitas eleições. E a gente aprende muito com a derrota. E cada derrota que eu tinha e pensava em desistir. Ela dizia: vai trabalhar e organizar este povo que a gente chega lá. E nós conseguimos chegar lá”.
“Quando nós chegamos à presidência muita gente dizia que a gente não conseguiria governar e a baixinha dizia ‘nós vamos conseguir, nós vamos conseguir’. Por isso eu que eu devo a ela muito do que conseguimos fazer pelo Brasil”, disse o ex-presidente.
Lula ainda afirmou que na idade em que está, já não tem medo de muita coisa, nem da morte. “Eu só queria dizer aos juízes que eles estão julgando um inocente. Por isso eu tenho certeza em dizer que é uma questão de tempo, mas eu vou vencer”.
Lula criticou a decisão do TRF4, afirmou que não sente ódio de ninguém, mas que seus detratores devem estar passando mal de tanto ódio que parecem sentir dele. “Quando a gente tem ódio a gente come mal, dorme mal e por isso eu quero que eles saibam que se eles votaram com ódio eles votaram num homem que tem muita paz”.
O ex-presidente ainda evocou a memória de Dona Marisa para mostrar que está com ânimo para seguir em frente. “A Dona Marisa tá dizendo agora: Lulinha, levanta a cabeça e vamos à luta porque o povo brasileiro precisa da gente”.
Da redação da Agência PT de notícias