Em artigo de uma página no jornal britânico “The Morning Star”, o colunista Tony Burke afirma que Lula foi preso por uma farsa montada para evitar que ele voltasse a ser presidente do Brasil. “Isso não teria sido permitido pelo sistema judicial britânico, europeu ou americano”, denuncia.
O britânico, que é diretor-geral assistente do maior sindicato do Reino Unido, a Unite, diz que a direita volta a repetir a estratégia que usou no golpe de 2016: “Assim como o golpe de 2016 contra Dilma Rousseff, a direita do Brasil usou a sincera raiva do público contra a corrupção política para afastar seus oponentes e tomar o poder por meios não democráticos”.
Pior, no entanto, é a ameaça ao Brasil. “Não é só a liberdade de Lula que está em jogo. Os dois mandatos de Lula levaram o Brasil a tirar milhões da pobreza com uma série de programas sociais de renome mundial e direitos trabalhistas e sindicais consagrados na lei. Suas políticas para a geração mais jovem também tiveram um efeito enorme, implementando uma “revolução nutricional” que reduziu massivamente a desnutrição infantil, além de aumentar o orçamento de educação do Brasil e o acesso à educação superior para os brasileiros de baixa renda”.
Para Burke, a direita brasileira governa hoje com medo de Lula, por isso é mais importante do que nunca denunciar essa farsa e defender Justiça para Lula e para o Brasil.
Leia o artigo traduzido ao português na íntegra
O governo de direita do Brasil governa com medo da popularidade de Lula
TONY BURKE* pede uma campanha contínua para garantir a liberação imediata de Luiz Inácio Lula da Silva da prisão.
No ano passado, em 7 de Abril, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi preso por “atos indeterminados” de corrupção, enquanto milhões em todo o Brasil estavam se preparando para a eleição presidencial mais importante em uma geração.
Na época de sua condenação, no início daquele ano, Lula liderava todas as pesquisas. Na época de sua prisão, Lula liderava todas as pesquisas. Quando Lula foi negado o direito de se candidatar e foi removido da votação, ele liderava em todas as pesquisas.
Apenas algumas semanas antes de ser impedido de disputar as eleições, o Comitê de Direitos Humanos da ONU solicitou oficialmente que Lula fosse autorizado a permanecer no processo eleitoral, ter acesso à mídia e ter acesso a membros do Partido dos Trabalhadores enquanto estava preso.
Isso foi ignorado e, posteriormente, o homem que estava em segundo lugar atrás de Lula venceu a eleição de 2018. Ele é conhecido como o líder da extrema-direita apoiadora da ditadura militar, homofóbica, racista e misógina, Jair Bolsonaro.
A prisão de Lula teve a ver com combate à corrupção, mas com a remoção da figura mais popular no Brasil da eleição presidencial. Para muitos, essa farsa da justiça só foi percebida quando Bolsonaro nomeou o juiz que condenou Lula, Sergio Moro, como ministro da Justiça – apesar de ele ter dito várias vezes que ele não estava interessado em política enquanto orquestrava o julgamento de Lula.
Mas para aqueles como nós, que seguimos a política latino-americana, a perseguição política de Lula foi clara desde o início. Moro havia mostrado sua parcialidade ao longo do processo, interceptando ilegalmente a equipe jurídica e os membros da família de Lula e aparecendo em eventos públicos descrevendo Lula como culpado antes do processo de julgamento ser concluído.
Isso não teria sido permitido pelo sistema judicial britânico, europeu ou americano. Lula enfrentou não apenas Lula política para que seus direitos políticos fossem retirados, como também enfrentou um julgamento pela mídia. Os grandes veículos de imprensa retrataram continuamente Lula em roupas de prisioneiros e culparam Lula e o Partido dos Trabalhadores – sem evidências ou lógica – por um escândalo de corrupção envolvendo quase todos os principais partidos políticos do país.
A extrema-direita usou a ideia de que o Partido dos Trabalhadores era corrupto como um de seus principais focos de campanha, pintando Bolsonaro como um outsider, que seria duro com a corrupção política. Naturalmente, Bolsonaro está agora enfrentando suas próprias acusações de corrupção envolvendo sua família, lavagem de dinheiro e um grupo paramilitar envolvido no trágico assassinato da vereadora Marielle Franco.
Assim como o golpe de 2016 contra Dilma Rousseff, a ala da direita do Brasil usou a verdadeira raiva do público contra a corrupção política para remover seus oponentes e tomar o poder por meios não democráticos.
A prisão de Lula não é apenas uma farsa da justiça, é uma farsa da democracia que viu o autoritarismo bater nas portas do Brasil pela primeira vez desde a queda da ditadura militar. Lula foi um ex-líder sindical nascido no Nordeste que desempenhou um papel fundamental na organização de ações sindicais contra a ditadura militar. Ele lutou pacificamente na época contra a extrema-direita, como o faz agora a partir de sua cela de prisão.
Mas não é só a liberdade de Lula que está em jogo. Os dois mandatos de Lula levaram o Brasil a tirar milhões da pobreza com uma série de programas sociais de renome mundial e direitos trabalhistas e sindicais consagrados na lei. Suas políticas para a geração mais jovem também tiveram um efeito enorme, implementando uma “revolução nutricional” que reduziu massivamente a desnutrição infantil, além de aumentar o orçamento de educação do Brasil e o acesso à educação superior para os brasileiros de baixa renda.
Os primeiros meses de Bolsonaro deixaram claro que ele planeja reverter mais de uma década de progresso social sob Lula e o Partido dos Trabalhadores. Seu pedido para Lula “apodrecer na cadeia” mostra que não são apenas as conquistas de Lula que estão sob ameaça.
É por isso que milhões no Brasil e em todo o mundo pedem que Lula seja liberado e que sua perseguição política termine.
Com o apoio do Reino Unido e de todo o mundo, ocorrerão manifestações nas principais cidades do mundo todo em 7 de Abril para marcar um ano desde seu encarceramento.
Você pode adicionar seu nome à uma declaração pública de apoio a Lula e juntar-se aos milhões que pedem sua liberdade em https://brazilsolidarity.eaction.online/freeLula
* Tony Burke é diretor-geral assistente da Unite, o maior sindicato da Grã-Bretanha, membro do Partido Trabalhista britânico e membro da diretoria do jornal The Morning Star.
Por Instituto Lula