A Central de Movimentos Populares (CMP) fez um balanço das ações de solidariedade promovidas pela campanha “Movimentos Contra a Covid-19” desde o início do aumento das crises sanitária, econômica e social agravadas pelo novo coronavírus. Do começo de abril até agora a campanha conseguiu abrir 92 pontos de arrecadação e distribuição de alimentos e materiais de higiene e limpeza em todo o Brasil.
Foram mais de 1 mil toneladas de alimentos entregues à população em situação de vulnerabilidade, como famílias que vivem nas favelas, ocupações, cortiços e periferias das cidades onde a CMP atua diretamente ou por meio de suas organizações filiadas. A campanha integra a rede de solidariedade “Vamos Precisar de Todo Mundo”, das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.
“Estamos passando pela maior crise sanitária, econômica e social de nossa geração. E a CMP está ao lado do povo que mais precisa de apoio para suportar essa crise. Estamos na luta por direitos e para que o Estado assuma sua responsabilidade na garantia de condições de vida para a população”, afirma Raimundo Bonfim, coordenador nacional da CMP.
Bonfim destaca que, além da distribuição dos itens, o objetivo da entidade é prestar solidariedade às famílias mais empobrecidas, especialmente as que participam de movimentos populares e demais grupos das periferias. Para tanto, a Central de Movimentos Populares (CMP) criou uma conta em um site para arrecadação de recursos e, assim, alavancar a ajuda às famílias. Para contribuir, basta acessar http://vaka.me/978192.
A iniciativa de arrecadação online é mais uma ação que integra a campanha “Movimentos Populares Contra a Covid-19”, que conta com a participação das entidades filiadas à CMP em todo o Brasil. Por meio da campanha, já foram entregues 63.050 cestas básicas, o que corresponde a 1.261 toneladas de alimentos, além de marmitex, máscaras, sabão líquido, entre outros itens. Todas as informações sobre a campanha estão disponíveis no site www.movimentoscontracovid19.com.
“Nossa iniciativa visa conseguir arrecadar recursos para viabilizar a distribuição de cestas básicas de alimentos e produtos perecíveis, que garantam a ‘mistura’ na refeição, além de materiais de higiene e limpeza”, explica Raimundo Bonfim.
Exclusão e humilhação
No início de abril, a CMP e União dos Movimentos de Moradia (UMM) já alertavam as autoridades, por meio da divulgação de “Manifesto das Favelas Sobre o Novo Coronavírus”, para voltarem atenção às populações que moram de forma precária em favelas, cortiços, ocupações e periferias das cidades, sem saneamento básico, com pouco ou sem nenhum acesso à água encanada.
Na semana passada, estudo divulgado pela Prefeitura de São Paulo comprova que a pandemia está ligada à questão social e racial, dando conta de que 62% dos negros têm mais chances de morrer do que os brancos em São Paulo, e os pobres moradores de favelas, cortiços e periferias são mais atingidos que os moradores de bairros nobres. “É urgente e necessário que os governos tomem medidas para acabar com a violência doméstica contra as mulheres, que tem aumentado nesse período de isolamento social, e acolher as que sofrem com essas agressões”, aponta Bomfim.
O documento assinado pelas entidades, destaca a importância das ações de solidariedade em prol das populações mais vulneráveis, mas cobra dos governos ações imediatas voltadas para os moradores de cortiços, favelas, ocupações e periferia. “O nosso esforço é para reverter essa exclusão social evidenciada pela pandemia do novo coronavírus. É nossa tarefa, como entidade, e é obrigação dos governos”, afirma Bonfim.
Ele ressalta que, entre os pontos fundamentais defendidos pelas entidades está o pagamento do auxilio emergencial para todas as famílias em situação de alta vulnerabilidade e denuncia a situação “humilhante” a que muitos estão sendo submetidos para receberem o recurso. “As pessoas estão se aglomerando em filas nas portas dos bancos, dia e noite. É urgente o governo resolver essa situação”, cobra.
A CMP defende o auxílio emergencial para as 80 milhões de pessoas que têm direito a recebê-lo, além de teste de Covid-19 para todas as pessoas que apresentarem sintomas, bem como fila única para terem acesso aos leitos, “pois saúde é direito e não mercadoria só para os ricos terem acesso”, destaca Bonfim.