O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realiza, entre os dias 1º e 10 de junho, a Jornada Nacional de Vivências no MST. A atividade, que ocorrerá em todas as regiões do país, abrirá as portas dos assentamentos e acampamentos para o povo brasileiro. Além de inserir a sociedade no debate sobre a importância da Reforma Agrária, é uma resposta aos repetidos ataques dos bolsonaristas da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para criminalizar os movimentos populares.
A ideia do MST é que, durante a jornada, algumas áreas da Reforma Agrária recebam a visita de trabalhadores, estudantes, curiosos, parceiros e amigos da Reforma Agrária Popular, para que possam acompanhar de perto o dia a dia da produção de alimentos saudáveis, a organização produtiva e as lutas em defesa da democratização da terra de maneira prática.
Para o MST, a Jornada de Vivências será um momento central no ano para dialogar com a sociedade através da experimentação prática nos territórios de luta e resistência.
Resposta ao jogo sujo da CPI
A iniciativa do MST será importante para desmentir as sucessivas acusações feitas contra o Movimento pela CPI da Câmara, que tem na presidência o deputado federal Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), investigado em inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento com a tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro. O relator é o deputado Ricardo Salles (PL-SP), o ex-ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro que é alvo de investigação por suspeita de integrar uma quadrilha de contrabando de madeira da Amazônia para Europa e Estados Unidos.
Na segunda-feira (29), em um dos ataques mais recentes, nove parlamentares de extrema direita usaram a CPI para visitar uma região sem atividades do MST, no Pontal do Paranapanema (SP). A presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), criticou o a cúpula da CPI pela tentativa de produzir notícias falsas contra a legalidade da luta pela Reforma Agrária. “Relator e bolsonaristas da CPI do MST estão misturando ações de outros movimentos pra gerar confusão e culpar o MST sobre o que não é de sua responsabilidade. É um jogo muito sujo que estão fazendo. #ToComMST”, tuitou a parlamentar.
Atividades da Jornada
Ao longo da Jornada, o MST realizará uma série de atividades, como plantio de árvores ou construção de roçados solidários, vivências agroecológicas, visitações guiadas, mutirões para construção de viveiros e casas de sementes, mutirões de hortos medicinais, entre outras.
Bárbara Loureiro, da direção nacional do MST, explica que o Movimento enfrenta um crescimento da “criminalização da luta pela terra e da Reforma Agrária”, a exemplo da CPI, e sinaliza que a construção da Jornada de Vivências é mais uma ferramenta de ampliação da relação do Movimento com a sociedade.
“A jornada de vivências vem em um momento político em que o MST está sendo alvo da CPI que quer criminalizar a luta pela terra, o direito à ocupação de terras improdutivas para a realização da Reforma Agrária. A jornada de vivências acontece na semana do Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, e é uma forma também de reafirmar o diálogo com a sociedade, posicionando a Reforma Agrária como uma necessidade estrutural para o nosso país”, disse a diretora.
Loureiro afirma que a Jornada de Vivências possibilitará que os participantes tenham acesso a dimensões da luta do Movimento, como o cuidado e a recuperação dos bens comuns da natureza, a educação do campo, os processos de formação, da cooperação agrícola, da organização das mulheres e da juventude.
Até o momento, existem atividades da Jornada marcadas para 16 estados, nas cinco regiões do país. A proposta é que elas envolvam dezenas de assentamentos e acampamentos, além de escolas e centros de formação.
Para a região Nordeste, estão previstas ações de plantio de árvores e visitas guiadas em áreas do MST. No Sudeste, ocorrerão atividades de formação com a juventude sobre o tema da questão ambiental e ações de plantio de árvores, com a construção de bosques da Reforma Agrária.
Nos estados do Sul, estão sendo organizadas atividades formativas nas Escolas Itinerantes do Movimento, visitas aos viveiros da Reforma Agrária e a semeadura de 4 toneladas da Palmeira Juçara. Na Amazônica, estão previstas atividades no Instituto de Agroecologia Latino Americano (IALA) Amazônico, plenárias de estudo e debate, plantio de árvores, construção de viveiros, assembleias e intervenções nas áreas do Movimento.
Por fim, no Centro-Oeste brasileiro, as atividades girarão em torno da Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA).
Da Redação