Não bastasse o desemprego, a desigualdade e as mortes pelo Covid-19 – 178 mil óbitos desde o início da pandemia –, o povo brasileiro está às voltas com uma velha conhecida: a inflação. Os preços dos alimentos continua a bater recordes e fez soar o medo da fome. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a alta de 0,89% da inflação oficial em novembro foi a maior para o mês desde 2015, quando subiu o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Mas a inflação dos alimentos é muito maior e pode ser sentida na feira e no mercado.
Líderes do PT criticam duramente o governo de Jair Bolsonaro, que segue condenando a maioria da população à situação de abandono, porque o ministro da Economia, Paulo Guedes, é omisso e se mostra indiferente ao agravamento da crise social e econômica. “A pandemia segue descontrolada, o desemprego atinge mais de 14,1 milhões de brasileiros e os preços de alimentos e de insumos têm a maior alta desde o Plano Real. E o que faz Bolsonaro? Uma exposição de roupas usadas na posse”, denuncia a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidenta nacional do partido.
“Bolsonaro debocha do povo”, lamentou a parlamentar. Outros petistas também se mostram preocupados com o agravamento do quadro social, porque há claramente um descontrole do governo federal em relação à condução da economia nacional. “A inflação em novembro foi puxada, principalmente, pelo aumento nos preços dos alimentos – carne, batata e tomate – e dos combustíveis. Isso é obra de um governo sem controle e sem rumo”, cutucou o senador Humberto Costa (PT-PE). “Governo faz a política da morte, enquanto arroz, óleo e carne estão cada vez mais caros”, destacou o líder da Minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE).
Inflação acima do centro da meta
Com alta generalizada de produtos e em todas as regiões do país, o indicador oficial da inflação no país superou os 4% em 12 meses, chegando a mais de 6% em alguns locais. A taxa do IPCA soma 3,13% no ano e 4,31% em 12 meses. O INPC, por sua vez, ultrapassou os 5% (5,20%). A inflação já está acima do centro da meta. Os dados oficiais mostram que no acumulado dos últimos 12 meses, o valor da cesta subiu oito vezes acima do valor médio da inflação. O aumento da cesta básica foi de 32,02% de acordo com a Fundação Getúlio Vargas.
Os dados compilados pelo Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas Agrícola, da Fundação Perseu Abramo, mostra um quadro ameaçador e grave. A inflação dos alimentos, que recai sobre os mais pobres explodiu. De janeiro a dezembro, óleos e gorduras subiram 55,22%. Os cereais tiveram altas em seus preços de 54,84%. Os legumes receberam remarcações que chegam a 51,28%. O óleo de soja saltou 94,1%, enquanto os preços dos tomates chegou a 76,5% ao ano. A inflação dos alimentos já está em 15,7% desde o início do ano.
Sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE tiveram forte alta em novembro, mas a inflação do mês foi puxada, principalmente, pelo aumento nos preços dos alimentos e dos combustíveis. No grupo dos alimentos, o que mais pressionou o índice foram as carnes, que tiveram alta de 6,54% em novembro, a batata-inglesa, que subiu 29,65%, e o tomate, com alta de 18,45%. Também tiveram alta produtos como o arroz (6,28%) e o óleo de soja (9,24%). No ano, a subida dos preços é ainda mais dramática. O preço da carne subiu, em média, 13,9% em 2020.
Da Redação