A escala de preços do óleo diesel atingiu um patamar inédito na história recente do Brasil. O diesel S10, mais usado no país, foi vendido a R$ 7,678 por litro, na média nacional, enquanto a gasolina ficou em R$ 7,390/litro, na semana de 19 a 25 de junho.
É a primeira vez desde o início do levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em 2004, que o preço do diesel supera o da gasolina.
Mas na maioria dos estados, tanto o preço do diesel quanto o da gasolina já está acima dos R$ 8/litro. Em pelo menos 23 deles, o diesel comum (S-500) é encontrado a esse valor nos postos de combustíveis. No caso da gasolina, o combustível foi verificado acima dos R$ 8/litro em 17 estados.
Desde janeiro, o litro do diesel S10 aumentou 41% na bomba. Desta vez, a variação verificada pela ANP em relação à semana anterior foi de 9,6% para o diesel e de 2,2% para a gasolina. Já sob o impacto dos reajustes para as distribuidoras anunciados em 17 de junho pela Petrobrás. A alta foi de 5,18% para a gasolina e de 14,26% para o diesel, acompanhando as oscilações internacionais dos preços dos combustíveis.
O aumento acelerou o desgaste do presidente da Petrobrás, José Mauro Coelho, que renunciou ao cargo na última segunda-feira (20) após a costumeira sequência de chiliques de Jair Bolsonaro.
Detentor temporário da caneta mais poderosa da República, Bolsonaro demite executivos que ele próprio nomeou enquanto mantém a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), adotada desde 2016, sob Michel Temer.
Enquanto perdurar essa política, que na prática dolariza os preços dos combustíveis – embora a maior parte seja produzida no Brasil, em reais – a tendência é de ainda mais carestia, devido às condições internacionais.
A procura pelo diesel, que já é mais disputado no mercado global, deve aumentar muito a partir do segundo semestre, com a substituição do gás russo na Europa pelo combustível.
Utilizado em veículos de médio e grande porte, o diesel exerce forte impacto sobre toda a cadeia produtiva e logística do país. Sem alternativa ao óleo, como no caso dos carros flex em relação à gasolina, encher o tanque de caminhões das transportadoras e ônibus das empresas de transporte coletivo ficará cada vez mais caro.
O custo do transporte se eleva e muitos transportadores, especialmente autônomos, não possuem condições de consumir tanto o óleo combustível por conta disso.
Mesmo antes do aumento mais recente, o preço do diesel já era criticado pelos caminhoneiros, que no segundo semestre aumentam o consumo do combustível por causa do transporte da safra agrícola.
Na última sexta-feira (24), a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicou portaria com os novos valores de pisos mínimos de frete do transporte rodoviário de cargas.
O reajuste é aplicado sempre que ocorre variação no preço do diesel no mercado nacional superior a 5% em relação ao preço considerado na planilha de cálculos da Política Nacional de Pisos Mínimos de Frete (PNPM).
A norma utiliza como preço de mercado o valor do óleo diesel S10 apurado pela ANP. A última atualização semanal resultou em um percentual de variação acumulado, desde a publicação da Resolução ANTT nº 5.949/2021, de 13,73%.
Da Redação