A variante ômicron continua a ameaçar o controle da pandemia no planeta. Nesta segunda-feira (10), o mundo registrou um novo recorde de infecções diárias, mais de 3 milhões. Só nos EUA, foram 1,48 milhões de diagnósticos positivos. E o quadro para as próximas semanas parece ainda mais sombrio: de acordo com projeções da Organização Mundial da Saúde (OMS), metade da população da Europa pode ser infectada pela ômicron nos próximos dois meses. No Brasil, autoridades de saúde não podem determinar a dimensão da crise sanitária, uma vez que o Ministério da Saúde sofre um apagão de dados há pelo menos um mês. Estados e municípios relatam diariamente dificuldades para armazenar informações nas plataformas da pasta.
O que se sabe é que o número de atendimentos e internações cresce nas unidades de atendimento e postos de saúde de todo o país, bem como o número de testes positivos de Covid-19. Com 620.142 óbitos e 22,5 milhões de casos, o país registrou a maior média móvel de infecções desde julho, 36 mil, segundo o consórcio de veículos de imprensa. Com a confirmação de 111 óbitos em 24 horas, a média de mortes também subiu para 128, o que corresponde a uma alta de 17%.
Diante da gravidade da situação, o neurocientista Miguel Nicolelis adverte que uma avassaladora terceira onda da pandemia já está em curso no país e que medidas precisam ser adotadas para impedir outro colapso do sistema de saúde. Ele também critica duramente a negligência de Bolsonaro e o apagão de dados na Saúde. “É conveniente não testar e não reportar porque, aí, realmente, a pandemia some dos dados oficiais”, declarou o professor ao Correio Braziliense, nesta terça-feira (11).
“Com esse apagão, não temos a menor condição de estimar a realidade e quais os municípios e estados que estão sendo afetados. Houve uma estimativa no final de semana de que o Brasil poderia ter 400 mil casos diários”, afirmou Nicolelis. O neurocientista avalia que o quadro é grave porque o país vive três epidemias no momento: “da ômicron, que é dominante, da delta e, somado a isso, da influenza”.
Nicolelis também condenou o Ministério da Saúde pelo atraso na vacinação de crianças. “Não podíamos ter adiado por conta de uma consulta pública que não tem comprovação científica nenhuma”, lamentou. “Nos países que fizeram a vacinação, os efeitos de proteção foram constatados. O retorno às aulas sem a imunização de crianças nessa faixa etária é absurdo. Vamos colocar em risco não só as crianças, que já morreram pela covid, mas as famílias, porque as crianças podem pegar ou transmitir”, alerta.
Metade da população europeia pode ser infectada
Enquanto isso, autoridades da OMS temem um novo colapso dos sistemas de saúde da Europa. O diretor da agência no continente, Hans Kluge, informou que a Europa registrou mais de 7 milhões de novas infecções somente na primeira semana deste ano, o dobro da taxa das duas semanas anteriores em 26 países.
“Nesse ritmo, mais de 50% da população da região será infectada pela ômicron nas próximas seis a oito semanas”, disse Kluge. Segundo o diretor, o impacto seria mais mortal em regiões com taxas de vacinação baixas, em especial na Europa Central e Oriental.
O especialista citou a Dinamarca, onde casos da doença “explodiram nas últimas semanas”, com um índice de internações de pacientes não vacinados quase seis vezes maior do que os que receberam duas imunizações. “O aumento das internações hospitalares está desafiando os sistemas de saúde e a prestação de serviços em muitos países e ameaçam sobrecarregá-los em muitos outros”, alertou o diretor.
Da Redação, com informações de G1, Correio e The Guardian