As subnotificações de óbitos por Covid-19 no Brasil escondem uma realidade ainda mais aterrorizante do que a tragédia noticiada no país. É o que aponta um estudo do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), da cidade americana de Seattle. De acordo com o instituto, o Brasil tem pelo menos 187 mil mortos pela doença que não estão nos registros oficiais até o dia 6 de maio, quando o país contava com 406 mil vítimas fatais. Segundo cálculos do IHME, o Brasil, na verdade, perdeu 595,9 mil pessoas para a Covid-19. Isso equivale a 46% a mais do que as mortes oficiais.
Os modelos matemáticos do instituto servem de base para ações dos governos dos EUA e do Reino Unido. Ainda de acordo com as projeções do IHME, o planeta perdeu quase 7 milhões de vidas, mais do que o dobro dos 3,2 milhões registrados no dia 6 de maio. O instituto atribui a discrepância às subnotificações nos registros de óbitos.
“Muitas vítimas de Covid-19 acabam não sendo reportadas porque alguns países só contabilizam as mortes que acontecem em hospitais, ou quando houve testagem das vítimas indicando diagnóstico positivo para a infecção pelo vírus”, esclareceu o IHME, em comunicado. “Em muitos lugares, falta de testes e fragilidades nos sistemas de saúde aumentam o desafio”, destacou o instituto.
Pelos dados do IHME, “a nova estimativa só inclui mortes causadas diretamente pelo novo coronavírus, sem levar em conta outras mortes eventualmente causadas pela obstrução que a pandemia gerou nos sistemas de saúde ou por problemas mentais, como depressão”.
Pelo levantamento do centro, a Índia tem quase o triplo de mortes do que o número oficial: são 654,3 mil mortos, ante a 221,1 mil óbitos relatados até maio. Do mesmo modo, os EUA apresentam perto do dobro de óbitos, um salto de 547 mil vítimas fatais para 905,2 mil mortes.
“Por mais terrível que a pandemia de Covid-19 já possa parecer, a análise mostra que o saldo real é significativamente pior”, destacou o diretor do IHME, o médico Chris Murray, no portal do instituto.
“Muitos países dedicaram esforços excepcionais para medir o número de vítimas da pandemia, mas nossa análise mostra como é difícil rastrear com precisão uma doença infecciosa nova e de disseminação rápida”, apontou o pesquisador.
Segundo Murray, o instituto espera que o levantamento possa contribuir para que países tenham capacidade, a partir de uma noção mais realista da dimensão da crise, de implementar ações eficazes de combate ao surto.
“Esperamos que o relatório de hoje incentive os governos a identificar e abordar as lacunas em seus relatórios de mortalidade COVID-19, para que possam direcionar com mais precisão os recursos da pandemia”, declarou o médico.
Da Redação, com informações de IHME e Valor