O presidente Jair Bolsonaro chamou nesta sexta-feira, 27, de “idiota” quem diz que precisa comprar feijão. Para o presidente, “tem que todo mundo comprar fuzil”. A declaração foi feita no “cercadinho” do Palácio do Alvorada, logo após o ministro Paulo Guedes dizer “não ver problema” com o aumento da energia.
No diálogo, alguém questionou se havia novidade para caçadores, atiradores e colecionadores, os chamados CACs. O presidente, então, respondeu:
“O CAC está podendo comprar fuzil. O CAC que é fazendeiro compra fuzil 762. Tem que todo mundo comprar fuzil, pô. Povo armado jamais será escravizado. Eu sei que custa caro. Tem um idiota: ‘Ah, tem que comprar é feijão’. Cara, se não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar.”
A manifestação de Bolsonaro ocorre no momento em que a inflação explodiu no país, puxada por aumentos dos combustíveis, energia elétrica e alimentos, incluindo o feijão. Nos últimos 12 meses, o preço do feijão subiu 22%, o arroz 48% e a carne 38%.
O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) reagiu à estupidez do ocupante do Planalto. “O povo brasileiro tem fome e quer arroz, feijão, carne, gás. Não se mata a miséria dando fuzil de comer”, escreveu Padilha, pelo Twitter.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,96% em julho. O salto, de 0,43 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de 0,53% registrada em junho, é a maior variação para o mês desde 2002, quando o índice chegou a 1,19%.
A opção de Bolsonaro
Desde que Bolsonaro assumiu, em 1º de janeiro de 2019, já foram assinados 32 atos visando facilitar o acesso às armas de fogo no Brasil. Em fevereiro deste ano, por exemplo, Bolsonaro alterou quatro decretos de 2019 que regulam a aquisição de armamento e munição por agentes de segurança e pelos CACs.
O 15º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em 15 de julho deste ano, revela que em dezembro de 2020 foi atingida a marca de 2.077.126 armas legais particulares pelo Brasil. O número equivale a um cidadão armado para cada 100 brasileiros e brasileiras.
Da Redação