Jair Bolsonaro não se cansa de espalhar mentiras e reforçar preconceitos contra o Bolsa Família. Ao dar entrevista a Sikêra Jr., na Rede Tv!, semana passada, o atual presidente descreveu os beneficiários do programa da seguinte maneira: “São 17 milhões que não têm como ir mais para o mercado de trabalho. Com todo respeito, não sabem fazer quase nada”.
Ora, Bolsonaro não podia falar besteira maior. E quem diz isso não somos apenas nós, mas também O Estado de S. Paulo. No último dia 20, o jornal publicou um estudo que avaliou a trajetória dos primeiros beneficiários do Bolsa Família. A análise concluiu que, do 1,15 milhão de pessoas que começou a receber a ajuda em 2003, 795 mil deixaram o programa porque não precisavam mais.
Isso significa que 69% dos beneficiários aproveitaram a ajuda não para ficar acomodados, mas para melhorar de vida e seguir em frente com dignidade e trabalho duro. O Estadão ouviu, por exemplo, a história de Vanilda, de Unaí (MG), que usou os recursos do Bolsa Família para fazer e vender pamonhas enquanto mantinha os filhos na escola. Mais tarde, quando as filhas mais velhas terminaram o ensino básico e conseguiram empregos, ela saiu do Bolsa Família.
É muito fácil entender as razões de Bolsonaro mentir na tevê. Depois de passar anos criticando o Bolsa Família e prometendo acabar com o programa, ele precisa agora explicar aos apoiadores por que está lançando uma cópia malfeita e improvisada, chamada Auxílio Brasil. Como não pode dizer a verdade (que seria “Eu só quero me reeleger em 2022”), ele apela para o preconceito contra os mais pobres que boa parte de seus seguidores tem e diz que os beneficiários não são capazes de ingressar no mercado de trabalho.
Esse discurso, porém, certamente só convence seus cegos seguidores. Todos sabem que, se há algo que impede alguém de entrar no mercado de trabalho hoje no Brasil, é a desastrosa política econômica que ele e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, implementaram e só gera desemprego e informalidade.
Da Redação