A conceituada revista científica britânica Nature publicou na última semana reportagem em que alerta para as consequências de uma eventual eleição de Jair Bolsonaro (PSL) para a Ciência no Brasil. “Um dos dois principais candidatos propôs a eliminação do Ministério da Ciência, enquanto o outro tentaria aumentar o financiamento de pesquisas”, compara a publicação.
“Uma onda populista de um candidato presidencial de direita no Brasil ameaça ter enormes impactos nos orçamentos de pesquisa e nas políticas ambientais”, alerta a publicação, que afirma que Bolsonaro, polêmico ex-oficial militar, delineou planos que enfraqueceriam também a proteção do meio ambiente.
A revista avalia que o orçamento federal para a Ciência caiu drasticamente ao longo de quase uma década e que políticos alinhados à indústria estão lentamente desmantelando as regulamentações ambientais do País. “Mas os dois principais candidatos presidenciais ofereceram visões muito diferentes para abordar essas questões, deixando os cientistas no limite.”
A “Nature” lembra que, como deputado, Bolsonaro votou diversas vezes com a bancada ruralista, que busca ativamente enfraquecer as regulamentações ambientais. “Ele propôs tirar o Brasil do acordo climático de Paris em 2015 e eliminar os ministérios da Ciência e do Meio Ambiente, reorganizando-os sob o Ministério da Agricultura”, afirma o texto. Na região amazônica, Bolsonaro está buscando promover a expansão agrícola e industrial em detrimento das proteções ambientais e dos direitos das comunidades indígenas.
“Haddad, por outro lado”, afirma a Nature, “tem uma visão mais geral que enfatiza a ciência, a inovação e a ação sobre as políticas climáticas e ambientais”, com promessas de promover as energias renováveis, como eólica e solar, enquanto combate o desmatamento e mantém proteções para territórios indígenas na Amazônia.
Ainda segundo a revista, ao contrário de Bolsonaro – que pediu mais pesquisa e desenvolvimento do setor privado – Haddad se comprometeu a aumentar os gastos federais em Ciência. “Ele propôs elevar o investimento nacional em pesquisa e desenvolvimento para 2% do PIB, usando uma combinação de financiamento governamental e privado. Isso traria os gastos científicos do País ao mesmo patamar do visto nos países industrializados”.
Por Carta Capital