“Vamos transformar a crise em reformas”, afirma Paulo Guedes, em matéria do jornal Valor, neste terça-feira. A política de “pegar carona na crise” do ministro da Economia foi a mesmo adotada por matéria do Jornal Nacional, na segunda-feira. Paralisado, sem apresentar nenhuma medida para enfrentar a crise, o governo Bolsonaro aposta em chantagear a sociedade e o Congresso Nacional. As novas reformas sugeridas apontam novamente para arrocho fiscal, corte de salários e desemprego. Ou seja, para aprofundar ainda mais a crise nacional.
As crises internacionais têm efeito sobre as economias nacionais e, por isso, exigem de seu governo ações concretas. Assim foi em 2008, quando o governo Lula desafiou o “tsunami” que abalou a economia norte-americana e mundial. Na ocasião, Lula adotou medidas para proteger as empresas nacionais, promover a demanda e manter os empregos. Já na crise de 2014, a postura dos mesmos que hoje comandam o país foi responsabilizar o governo Dilma, e atacar o governo por meio das “pautas-bomba”. Ao contrário de “quebrar o país”, Lula e Dilma enfrentaram as crises e deixaram o país com uma reserva de US$ 350 bilhões.
Ao contrário de outros países, o atual governo aposta em repetir o fracasso das medidas de arrocho fiscal e salarial. “O governo precisa ter uma agenda de resposta à crise, coisa que não tem, na qual o principal foco do gasto público é o investimento, principalmente em infraestrutura”, defendeu a economista Monica De Bolle, da Universidade Johns Hopkins. A China, a Itália, a Coréia do Sul e o Japão “abriram linhas de crédito barato a bancos que emprestam às empresas mais atingidas”, informa o Financial Times.
Alguma coisa não está funcionando bem na nossa economia”, alerta o senador Rogério Carvalho, líder do PT no Senado Federal. “E é isso que nós precisamos encarar. Devemos encarar isso e fazer o debate, mas fazer um debate mais sincero, mais real, menos apaixonado, menos de torcida”, afirmou o líder petista. “O que nós estamos vendo no Brasil são torcidas em torno de caminhos e não um esforço em torno do desafio de fazer o nosso País crescer e a nossa economia incluir os milhares de brasileiros que estão desempregados”, advertiu.
A inoperância do governo diante da crise ocorre em um cenário interno que o próprio governo construiu, e anterior à crise desta semana, expresso no PIB de 1,1%, o pior dos últimos três anos. No último trimestre, o investimento caiu 3,3%, com o setor da construção civil registrando uma retração de 2,5%. O teto de gastos jogou o investimento público e o programa Minha Casa Minha Vida para os níveis mais baixos dos últimos anos. Em consequência, a taxa de investimento na economia é uma das mais baixas desde 2000.
As “novas reformas” propostas pelo governo apenas aprofundam o quadro da economia brasileira, que entrou 2020 em desaceleração, a caminho da estagnação. Entre as medidas alardeadas estão a extinção dos fundos públicos e a emergência fiscal para ajuste do teto de gastos – com medidas como a redução de até 25% dos salários dos servidores públicos, proibição de valorização real do salário mínimo e de expansão do Bolsa Família. Medidas que, sob o tom da chantagem, apenas servem para promover o conflito com a sociedade e com os demais Poderes.
Por PT no Senado