O Brasil se isolou ainda mais junto à comunidade internacional. Antes um líder inconteste na agenda ambiental, nos tempos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, o país ficou de fora de um evento global dos mais importantes de 2020: a próxima reunião de cúpula do clima, que será realizada neste final de semana e está sendo articulada pela Organização das Nações Unidas (ONU), junto com os três influentes na diplomacia internacional – França, Reino Unido, Itália e Chile.
A revelação foi feita nesta sexta-feira pelo jornalista Jamil Chade colunista do UOL. Ele classifica a situação como “uma das piores derrotas diplomáticas” desde o início do governo do presidente Jair Bolsonaro. Ele foi excluído da lista provisória de quase 80 chefes de Estado e de governo que participarão da reunião de cúpula do clima. O senador Jean Paul Prates (PT-RN) considera a exclusão um vexame para o Brasil.
“É mais um retrocesso e vexame internacional que nosso país enfrenta motivado por um governo que só se preocupa em ‘passar a boiada’”, criticou. “A reunião da cúpula antecede a Conferência do Clima, da ONU, importante reunião entre os líderes mundiais para assumir o compromisso ambiental de acelerar as ações para reverter as mudanças no clima e reduzir as emissões de carbono com o objetivo de alcançar o Acordo de Paris”, lembra.
O chanceler Ernesto Araújo tenta, nas últimas horas, tirar o Itamaraty da vergonha mundial e encontrar uma solução para a crise política. O Ministério das Relações Exteriores aposta que consegue reverter e garantir a inclusão do Brasil no evento. No Itaramaty, diplomatas experientes apontam que não há precedentes para a derrota política, tendo em vista que o Brasil foi um dos líderes do Acordo de Paris, ocorrida em 2015.
A reunião virtual tem como meta justamente marcar os cinco anos do Acordo de Paris. Os organizadores optaram por transformar o evento num marco dos compromissos dos governos e já preparar a cúpula de 2021, em Glasgow, na Escócia. A condição para que um líder participe é que ele apresente novas e “ambiciosas” metas de redução de emissões ou de preservação da floresta.
Desde que assumiu a Presidência da República, Bolsonaro conseguiu desmoralizar o Brasil na agenda ambiental e vem não apenas desonrando compromissos assumidos previamente pelo país, como ainda pontua índices recordes de desmatamento, o que vem gerando repulsa na União Europeia.
Durante a semana, o governo apresentou suas metas de emissões para o ano de 2060 e submeteu seus planos para a ONU. Os objetivos foram considerados como inferiores ao que se esperava do Brasil. De acordo com relatos de Chade, entre os organizadores da cúpula, o entendimento foi que tais metas não eram suficientes para incluir o país na lista de participantes. Numa primeira lista de oradores revelada nesta quinta-feira, os organizadores não colocaram o Brasil. A diplomacia nega que a ausência esteja confirmada e indica que estará presente.
Outras duas nações que têm se descolado da agenda ambiental são Estados Unidos e Rússia, que também ficam fora da lista. Tanto Donald Trump – que retirou os EUA do Acordo de Paris – quando Vladimir Putin não estão entre as presenças no encontro, junto com Bolsonaro. Entre os países confirmados estão China, Europa, Japão, Canadá e Índia. Na América Latina, participarão Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, Guatemala, Honduras, Panamá, Peru e Uruguai.
Da Redação