Deputados da Bancada do PT na Câmara afirmaram em declarações no Twitter, nesta sexta-feira (22), que são graves as novas acusações envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) com as milícias cariocas e o uso de ‘laranjas’ para desviar recursos do fundo eleitoral, destinado a campanhas políticas. Segundo a revista ISTOÉ dessa semana, uma assessora de Flávio, irmã de dois milicianos presos, assinava cheques em nome dele. Os petistas cobraram apuração rigorosa sobre o novo escândalo.
Segundo a revista, a assessora Valdenice de Oliveira Meliga – irmã dos gêmeos Alan e Alex Rodrigues Oliveira, presos durante a operação “Quarto Elemento”, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e do Ministério Público do Rio de Janeiro, assinava cheques em nome do então deputado estadual e hoje senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). Valdenice, a Val Meliga, era responsável pelas contas de campanha de Flávio ao senado. A revista divulgou cópia de dois cheques assinados por ela em nome do atual senador: um no valor de R$ 3,5 mil e outro de R$ 5 mil.
De acordo com a publicação, Valdenice é dona de uma empresa de eventos, a Me Liga Produções e Eventos, e uma das pessoas autorizadas – a quem Flávio Bolsonaro deu procuração – junto a Justiça Eleitoral, para cumprir a tarefa. Além da suspeita de envolvimento com a milícia, a reportagem afirma que a assessora de Flávio Bolsonaro pode estar envolvida em outro esquema: dessa vez envolvendo laranjas para fazer retornar aos cofres do PSL recursos do fundo eleitoral que deveriam ser gastos durante a campanha.
A ISTOÉ explica, por exemplo, que o cheque assinado por Val, no valor de R$ 5 mil, foi destinado a empresa Alê Soluções e Eventos Ltda, que pertence a Alessandra Cristina Ferreira de Oliveira. O pagamento é referente ao serviço de contabilidade das contas de campanha de Flávio Bolsonaro ao Senado. O problema é que Alessandra era também funcionária do gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa, com um salário de R$ 5,1 mil. Estava vinculada ao escritório da Liderança do PSL na Alerj, exercida por Flávio. E, na época da campanha, exercia a função de primeira tesoureira do PSL. Mais do que isso, sua empresa não foi contratada para fazer somente a contabilidade de Flávio Bolsonaro.
Na condição de tesoureira do PSL – a pessoa a quem cabia destinar os recursos – fez, por meio de sua empresa, a contabilidade de 42 campanhas eleitorais do PSL do Rio. Ou seja: cerca de um a cada cinco postulantes a um cargo político pelo PSL do Rio deixou sua contabilidade aos serviços da Alê, empresa de Alessandra, primeira tesoureira do partido. Assim, a responsável por entregar e distribuir os recursos do partido tinha parte do recurso de volta para as contas de uma empresa de sua responsabilidade.
Além do serviço de contabilidade, Alessandra atuou em conjunto com o escritório Jorge L.A. Domingues Sociedade Individual de Advocacia, que tem como um dos sócios o advogado Gustavo Botto. Na prestação de contas à Justiça Eleitoral, Gustavo Botto também aparece como um dos administradores das contas de Flávio Bolsonaro. No combo que coloca Alessandra como contadora e Botto como advogado, estiveram 36 campanhas do PSL.
De todas as aspirantes a cargos eletivos que contrataram Alessandra, mais de 95% conquistaram menos de dois mil votos. Candidatas do PSL ouvidas por ISTOÉ relatam que, ao final, praticamente os únicos gastos que efetivamente fizeram na sua campanha foram com a empresa de Alessandra e o escritório de Botto.
Repercussão no Twitter
O líder da Bancada na Câmara, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), disse que a nova denúncia não o surpreende, mas cobrou a apuração do escândalo. “Alguém ainda está surpreso com essa notícia (da ISTOÉ)? Onde estão os paladinos da luta contra o crime organizado e a corrupção? ”, indagou.
O deputado Henrique Fontana (PT-RS) também cobrou investigação do caso. “O envolvimento da família (Bolsonaro) com as milícias precisa de uma investigação”, disse.
Já a deputada Luizianne Lins (PT-CE) disse que a nova denúncia é grave. “Gravíssimo! Revista publicou imagem de dois cheques de Val Meliga, que tinha procuração de Flávio Bolsonaro. Ela é irmã de Alan e Alex, milicianos presos”, afirmou.
Ao retuitar postagem feita pela página do PT na Câmara no Twitter (@ptnacamara) sobre o caso, o deputado Alexande Padilha (PT-SP) ironizou: “Tem laranja mecânica no laranjal do PSL Nacional.”