O combate à violência contra a mulher começa na escola. Com essa compreensão, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), iniciou um projeto inédito: discutir a Lei Maria da Penha com estudantes das escolas públicas.
O intuito do projeto é trabalhar de forma preventiva o combate à violência de gênero e abordando os direitos das mulheres, começando cedo, com alunos de 13 a 18 anos, para acabar com a cultura da violência e do machismo.
“A gente vive em uma cultura machista, então a importância do projeto é justamente pelo trabalho de prevenção, para derrubar essa cultura desde cedo”, ressaltou afirmou a coordenadora de Inclusão e Diversidade da Secretaria de Educação do Piauí, Amparo Veloso.
Chamado de “Lei Maria da Penha nas Escolas: Desconstruindo a violência, construindo o diálogo“, o projeto começou em março de 2015, em parceria entre a Secretaria de Estado da Educação e Cultura (Seduc) e o Ministério Público Estadual.
Para a senadora Regina Sousa (PT-PI), a ação tem sucesso porque investe na educação para enfrentar a violência contra a mulher. Na sua avaliação, apenas repressão não surte os efeitos necessários. “Temos que educar nossos meninos e meninas para pensarem diferente”.
“O projeto tem boa aceitação e está conseguindo espalhar pelas escolas um ambiente saudável de discussão a respeito dos direitos de homens e mulheres, o que se contrapõe ao retrocesso que tivemos ao tirarem a discussão sobre gênero das escolas, com a exclusão pelo Congresso Nacional dessa palavra do Plano Nacional de Educação”, afirmou.
Atualmente, a ação já acontece em 39 escolas públicas estaduais de cinco diferentes Gerências Regionais de Ensino, envolvendo 600 professores e mais de 10 mil estudantes dos ensinos Fundamental, Médio e Educação de Jovens e Adultos.
“Temos um caso, de uma escola de ensino infantil, que também trabalhou a Lei, mais voltado para as mães, mas também trabalhando com as crianças, dentro do universo delas, de forma mais lúdica”, acrescentou.
A coordenadora conta que o projeto foi apresentado às escolas e aquelas que aderiram podiam escolher a forma de abordar o tema, de acordo com a realidade de cada escola. “Algumas unidades de ensino utilizaram música, outras redações, vídeos”, explicou Veloso.
Redação do Enem
E foi justamente a violência contra a mulher o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) do ano passado.
Em 2015, mais de 7.500 estudantes do ensino médio da rede pública do Piauí participaram do projeto “Lei Maria da Penha nas Escolas”. Um desses estudantes foi Karolayne Araújo, aluna da Unidade Escolar Pires de Castro.
“Foi um projeto que nos ajudou muito por abordar o machismo e a violência que, diariamente, muitas mulheres sofrem”, afirma Karolayne, que conseguiu alcançar 960 pontos na redação do Enem.
Segundo ela, as escolas participantes do projeto fazem apresentações ao final do ano. “Fui a escolhida da minha escola para fazer um discurso e também escrevi uma poesia. Tive que estudar muito para fundamentar meus argumentos. Com certeza o projeto Maria da Penha nas Escolas teve uma importância fundamental para minha nota no Enem”, garantiu a jovem.
Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias