Você sabe como teria evoluído o salário mínimo desde 2002 se o reajuste fosse pela inflação esperada, como planejam Jair Bolsonaro e Paulo Guedes? A pergunta foi feita e respondida no Twitter por analistas do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades, da Universidade de São Paulo (MADE-USP). Em vez dos atuais R$ 1.212, o piso seria de R$ 502 – “garfada” de 58,6% no bolso de trabalhadores ativos e inativos.
Na prática, apenas com o abandono, por Bolsonaro e seu “posto Ipiranga”, da política de valorização do salário mínimo adotada com sucesso pelos governos do PT, trabalhadores ativos e inativos já perderam R$ 1.058 nestes anos de trevas. O cálculo é do economista Francisco Faria, da LCA Consultoria, na coluna de Míriam Leitão no Globo.
Faria estimou a perda acumulada, mês a mês, de janeiro de 2020 a dezembro de 2022, em termos reais (corrigida pela inflação). Conforme as contas dele, se a política de valorização tivesse sido mantida nesse período, o salário mínimo hoje seria R$ 36 maior, pulando de R$ 1.212 para R$ 1.248, ou 3% a mais.
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“O exercício que eu fiz foi simples: usei a mesma regra do previsto pela lei que perdeu efeito e calculei o quanto teria sido o salário mínimo se ela fosse renovada”, comentou o economista, referindo-se à Lei nº 13.152, sancionada em 2015 pela então presidenta Dilma Rousseff.
A lei manteve a fórmula adotada desde 2007 por Luiz Inácio Lula da Silva, e expirou em 2019, quando Bolsonaro decidiu acabar com o regime que fez o piso salarial subir 76% acima da inflação em 13 anos de governos do PT. Lula vem reafirmando seu compromisso de retomar a política, caso confirme no dia 30 a vitória de 2 de outubro.
Caso os planos de Bolsonaro e Guedes vinguem, seria “o fim da aposentadoria”, afirma o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), João Inocentini, na coluna do jornalista Chico Alves no UOL. “Se eles vencerem a eleição, vão implantar isso aí. Assim como não vão segurar o preço da gasolina”, alerta.
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“Eles estão tentando fazer isso há tempos e nós estamos conseguindo segurar. Mas em um novo governo certamente vão querer botar em prática”, prevê o dirigente. “Isso vai levar todas as aposentadorias para um achatamento enorme.”
“Seriam mais de 40 milhões de aposentados caindo na zona de miséria, de pobreza total”, prossegue Inocentini. “Vai chegar o tempo de não podermos comprar nem metade da cesta básica.” Aos 72 anos, ele lembra que, antes da política de valorização, “o salário mínimo era uma miséria”.
“A gente já viveu essa história e não deu certo. Depois da vinculação, as pessoas passaram a ter um ganho melhor, a consumir mais e o país não quebrou, como disseram que iria quebrar”, diz o líder dos aposentados. “O eleitor tem que pensar bem e decidir o que quer.”
Da Redação