Apesar de o golpe contra Dilma Rousseff ter avançado na Câmara e no Senado, é possível barrar este processo e devolver o mandato à presidenta eleita. Para isto, é necessário intensificar a presença nas ruas em manifestações contra o golpista Michel Temer e promover discussões sobre os retrocessos que seu governo quer promover. Esta é a avaliação dos participantes do debate “A Tarefa dos Movimentos Populares na Atual Conjuntura”, realizado na Quadra dos Bancários, centro de São Paulo, na noite desta terça-feira (31).
A militante da Marcha Mundial das Mulheres Nalu Faria foi uma das debatedoras. Para ela, o golpe pretende retomar o caminho do Brasil dos anos 90, com todos os retrocessos possíveis, tanto em políticas sociais como na política econômica. Em sua fala, citou moradia, transporte de qualidade, lazer, direitos trabalhistas como elementos que estão em risco neste processo.
“O golpe representa um retrocesso global nas políticas que estavam sendo desenvolvidas no Brasil. Este governo golpista vai significar destruir parte das conquistas das mulheres dos últimos anos, mas mais do que isso, vai fortalecer uma base machista”.
Nalu Faria afirmou que apoiadores do golpe querem que mulheres e negros voltem “a seus lugares”, isto é, a uma posição de subordinação, e não lutem pela autonomia, pela igualdade e pela liberdade. “O governo golpista acha que temos que colocar o assunto das mulheres debaixo do tapete”, disse, referindo-se ao fato de o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos ter sido extinto. Com isso, a discussão sobre violência de gênero e igualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho é também excluída. “Temer está destruindo o que foi construído nos governos Lula e Dilma e temos que denunciar isto”.
A Marcha Mundial das Mulheres é uma das organizações que não reconhece o governo Temer, pois o golpista chegou ao poder por um impeachment sem crime de responsabilidade, desrespeitando uma presidenta eleita legitimamente.
Outro membro da mesa de debates foi o membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) João Paulo Rodrigues. “Temos que fazer com que trabalhadores se envolva na mobilização. Neste primeiro momento, conseguimos envolver muita gente, mas ainda há muitos companheiros e companheiras que precisam vir para a luta. A segunda grande questão é desmoralizar o governo Temer. Não reconhecendo e denunciando a retirada de direitos”.
Rodrigues defende a importância de pressionar os senadores para derrotar o impeachment no senado e devolver o mandato à presidenta eleita. “Temos que jogar o peso da articulação política nos senadores”.
A jornalista Laura Capriglione compôs a mesa de debates e afirmou: “contra este golpe nojento, machista, contra os movimentos sociais no Brasil. É um golpe fundamentalista, um golpe com o que há de mais atrasado neste país”. “Estamos aqui para preparar toda militância e ir para as ruas novamente. Não sairemos na rua e continuaremos até derrubar o Temer”.
Representando a União Nacional dos Estudantes (UNE), participou também Thiago Para. Em sua avaliação, a chave para resistir ao golpe é manter as mobilizações e pessoas nas ruas, reforçando a oposição a um governo que não foi eleito. “Resistir e lutar, dizendo fora Temer!”.
“O que temos é uma série de conchavos, de conservadorismo dos partidos de direita que afasta a juventude da política”, criticou. O secretário-geral da UNE e também membro do Levante Popular da Juventude lembrou a importância da participação política entre jovens, que sofrem com desemprego e que serão prejudicados com ações anunciadas por Temer.
“O maior golpista deste jogo é Michel Temer. É um golpista declarado (…) ele tem aparecido nestes áudios vazados agora como conspirador neste conchavo contra Dilma. E até hoje não se provou nada contra ela”, afirmou. Foi um golpe orquestrado para atacar os direitos dos trabalhadores, segundo Pará. “Foi um golpe de classe”, reforçou.
Ele criticou ainda a nomeação de Alexandre de Moraes para o Ministério da Justiça. O ministro golpista é ex-Secretário de Segurança Pública do governo de Geraldo Alckmin (PSDB-SP). Segundo o representante da UNE, o nome de Alexandre carrega denúncias de violência contra jovens nas periferias no estado de São Paulo, além de ter ordenado invasões da Polícia Militar em ocupações de escolas por secundaristas, sem ordem judicial.
Também estavam no debate representantes da Central de Movimentos Populares (CMP), Levante Popular da Juventude, Movimento de Moradia para Todos (MMPT), União dos Movimentos de Moradia São Paulo.
Acompanhe a agenda completa de mobilização no site do PT.
Por Daniella Cambaúva da Agência PT de Notícias