A conta do Golpe 2016 continua a subir para milhões de trabalhadoras e trabalhadores. O gasto das famílias com despesas obrigatórias, como energia elétrica, gasolina, gás e passagem de ônibus aumentou e hoje já ultrapassa 25% do orçamento dos brasileiros. De janeiro a agosto, os preços administrados pelo governo golpista de Temer aumentaram 6,64%, mais que o dobro da inflação geral de 2,85%, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
O aumento das tarifas administradas superou ainda o avanço dos preços livres (1,55%), que não são regulados. Em 2017, os preços administrados tinham subido 5,08% no mesmo período e fecharam o ano em 8%, índice que deve ser registrado também em 2018, segundo economistas. O rombo no bolso dos trabalhadores se dá apesar da inflação dos últimos meses ter batido recorde de baixa, com agosto registrando 0,09%, menor taxa em 20 anos para o mês.
As diferenças entre a inflação das tarifas e os preços livre são ainda maiores no período de 12 meses, de agosto a agosto. Segundo o IPCA, os administrados pelo governo aumentaram 9,59%, a inflação geral subiu 4,19% e os preços livres cresceram 2,40%. Entre os 10 itens que mais contribuíram para o aumento da inflação, dos 400 que compõem o IPCA, quatro são administrados e têm grande impacto na vida dos brasileiros: gasolina, energia, plano de saúde e gás de botijão, que representam 50% da inflação geral do período.
Em entrevista do jornal Estadão, o economista Fabio Romão aponta que “há dois mundos diferentes dentro da inflação”. De acordo com ele, a diferença de cinco pontos percentuais entre a alta das tarifas e a inflação dos preços livres ocorre por conta da pressão do dólar, causada pela política de paridade da cotação internacional do petróleo adotada pela Petrobras.
Ainda segundo Romão, os preços livre tem uma inflação rebaixada pelo efeito da fraca atividade que não permite grandes reajustes. A inflação das tarifas causa um profundo estrago no orçamento das famílias porque está relacionada a preços de produtos e serviços – como energia elétrica, gasolina, gás – que são difíceis de serem substituídos ou cujo consumo não pode ser evitado.
O economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio, Fabio Bentes, aponta que o fato da alta dos preços estar concentrada em bens e serviços de difícil substituição provoca uma redução da sensação de bem-estar das pessoas, apesar da inflação geral “estar bem comportada e abaixo do centro de meta de 4,5%”.
Com isso, ao aumento dos preços administrados pelo Governo impacta drasticamente as famílias de menor renda, que dependem mais de serviços básicos e não possuem uma poupança para bancar abater eventuais aumentos. Em agosto, famílias com renda mensal de até R$ 4,7 mil gastaram, segundo o IPCA, 2,17% com gás de botijão, 4,71% com a conta de energia e 5,16% com ônibus. Para os mais riscos que recebem até R$ 38,1 mil por mês, as despesas foram respectivamente de 1,35%, 4,03% e 2,72.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do Estadão