Com o golpe, combustíveis sobem três vezes mais que a inflação

Levantamento do IPCA mostra que nos últimos dois anos o gás de cozinha e a gasolina cresceram o triplo da inflação, que foi de 8% no período

Roberto Parizotti

Preço do gás subiu três vezes mais que a inflação

A conta do golpe continua a aumentar para milhões de brasileiros. Desde que o ilegítimo Michel Temer assumiu o governo, o preço do gás de cozinha e dos combustíveis subiu três vezes mais que a inflação. Segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), medido pelo IBGE, a inflação de junho de 2016 a junho de 2018 foi de 8%. No mesmo período, gás teve um reajuste de 25,9%, a gasolina comum subiu 24,4%, o etanol 20,9% e o óleo diesel 14,2%.

Como se não bastassem os seguidos aumentos e o corte de direitos do trabalhador,  o salário mínimo teve um reajuste que não possibilitou um ganho real (acima da inflação), algo que não acontecia desde 2003. Isso porque o governo golpista decidiu conceder um aumento menor do que o previsto no Orçamento, que utilizava uma estimativa de inflação maior do que a utilizada pelo Ministério do Planejamento neste novo cálculo. O salário passou de R$ 880 para R$ 937, menor que os R$ 945,80 previstos anteriormente

Desde 2007, o salário mínimo é reajustado com base na inflação do ano anterior e do crescimento do PIB de dois anos antes. Como em 2015, a economia decresceu, esse ajuste foi feito com base apenas no INPC. Só que em outros anos com a mesma situação, foi considerado um arredondamento para cima. Por exemplo, em 2009, auge da crise econômica mundial, a economia brasileira teve redução de 0,3%. Mesmo assim, em 2011, o salário mínimo teve ganho real de 0,37%.

Brasil volta à extrema pobreza

Com as desastrosas decisões do ilegítimo Temer, a extrema pobreza no Brasil voltou aos mesmos níveis de 12 anos atrás, segundo um levantamento da ActionAid divulgado pela Agência Pública. A situação é tão grave que o Brasil deve voltar ao Mapa da Fome. Uma outra ameaça vem à galope: após o golpe que tirou a presidenta eleita Dilma Rousseff, o país vê os gastos públicos serem congelados a partir da aprovação, no final de 2016, da Emenda Constitucional 95 (também chamada de PEC de Morte).

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) mostrou que, nos primeiros 90 dias após julho de 2017, quando a Petrobras mudou a política de preços e o governo golpista aumentou em 30% as alíquotas de PIS/Cofins, foram 58 reajustes nos valores dos combustíveis. O preço da gasolina subiu 50,04% e o diesel 52,15%, um aumento 25 vezes superior à inflação do período, conforme informações da Central Única dos Trabalhadores (CUT). 

Além do impacto direto na economia e no custo de vida dos brasileiros, a atual política de reajuste de preços acima da inflação provocou um dano ainda maior: o aumento no número de pessoas queimadas ao utilizarem lenha ou álcool no lugar do gás de cozinha porque os preços ficaram inacessíveis à população mais pobre.

Foi o caso da desempregada Jéssica Maria da Costa, de 24 anos, em conversa com o Portal CUT em dezembro último. Jéssica, que mora com o marido desempregado e a filha de dois anos, no bairro Casa Amarela, na periferia do Recife, em Pernambuco, decidiu cozinhar macarrão para a família em duas latas de ervilha com álcool. Colocou a panela de água em cima e, em seguida, saiu para pegar um biscoito para a filha. Sem querer, bateu o pé em uma das latas e as chamas se espalharam pelo seu corpo.

Assim como a história de Jessica outros casos graves ocorreram em Recife. Segundo o médico Marcos Barreto, chefe do setor de queimados do Hospital da Restauração, em entrevista à imprensa local, cerca de 40 pacientes que chegaram com queimaduras de primeiro ou segundo grau nesse período usaram gás clandestino, álcool ou etanol. Essas ocorrências já registram 62% do total de queimados.

Lula discursa para multidão

Situação preocupa ex-presidente Lula

De acordo com uma pesquisa publicada pelo Datafolha, em dezembro passado, dois terços da população consideram que a alta do gás de cozinha compromete muito o orçamento familiar. Essa situação tem preocupado o ex-presidente Lula, que, mesmo mantido como preso político há mais de 100 dias na sede da Polícia Federal em Curitiba, se manifestou em artigo publicado no último dia 19, no jornal Folha de S.Paulo, quando reafirmou a sua pré-candidatura à Presidência da República pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

Num dos trechos, Lula diz: “Estou preso há mais de cem dias. Lá fora o desemprego aumenta, mais pais e mães não têm como sustentar suas famílias, e uma política absurda de preço dos combustíveis causou uma greve de caminhoneiros que desabasteceu as cidades brasileiras.” E continuou: “Aumenta o número de pessoas queimadas ao cozinhar com álcool devido ao preço alto do gás de cozinha para as famílias pobres. A pobreza cresce, e as perspectivas econômicas do país pioram a cada dia”.

Para Lula, o Brasil precisa restaurar novamente a democracia, se reencontrar consigo mesmo e ser feliz de novo. “Podem me prender. Podem tentar me calar. Mas eu não vou mudar esta minha fé nos brasileiros, na esperança de milhões em um futuro melhor. E eu tenho certeza de que esta fé em nós mesmos contra o complexo de vira-lata é a solução para a crise que vivemos.”

Paralisações pelo país

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) programaram o Dia do Basta contra os desmandos do governo golpista e os aumentos abusivos dos preços do gás de cozinha e dos combustíveis. No dia 10 de agosto, a CUT e as demais centrais sindicais farão paralisações, atrasos de turnos e atos nos locais de trabalho e nas praças públicas de grande circulação de todo o País.

Nesse dia, além de exigir o fim das políticas que têm colocado milhões de brasileiros na miséria, sem ter o que comer e sem esperanças – porque não há empregos para mais de 27 milhões de trabalhadores e trabalhadoras subutilizados -, a CUT exigirá também um basta à parcialidade de parcela do Judiciário que persegue Lula e tenta impedir o candidato mais preparado para tirar o Brasil da crise de se eleger nas próximas eleições.

Cada estado e cidade terão a sua programação local. Em São Paulo, o ato será na Avenida Paulista nº 1313, em frente à Fiesp, a partir das 10h da manhã. Confira outros detalhes da programação aqui.

Por Redação da Agência PT de Notícias com informações da CUT

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