As manifestações de domingo (7) que ocuparam as ruas de pelo menos 20 capitais pelo país tiveram grande repercussão na imprensa estrangeira. Durante todo o dia, milhares de pessoas protestaram em defesa da democracia e contra o fascismo de caráter autoritário do governo Bolsonaro e contra o racismo histórico que oprime a população negra há séculos.
Tradicional veículo alemão, o jornal ‘Sueddeutsche Zeitung’ destaca que enquanto protestos avançam pelo país, o presidente Jair Bolsonaro ameaça retirar o Brasil da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo o diário, pelo menos 3 mil pessoas marcharam pela democracia e contra o racismo em São Paulo. Torcidas organizadas de clubes da cidade convocaram movimentos sociais e negros, aponta o jornal. Também houve protestos em Brasília e em outras grandes cidades como Belo Horizonte, Salvador e Manaus.
O jornal ‘Le Monde’ também noticiou os protestos, destacando as palavras de ordem e frases dos manifestantes. “Todos pela democracia”, “Fora Bolsonaro etre “Contra o racismo e o fascismo”, proclamavam cartazes. “Recua fascista, recua, o poder do povo está nas ruas” , “cantaram os manifestantes”, relata o jornal, noticiando ainda que os grupos pró-Bolsonaro estavam em menor número na capital federal.
De acordo com o argentino ‘Lá Nacion’, os protestos coincidem com as manifestações nos EUA pela morte de George Floyd, covardemente assassinado por um policial em Mineápolis, Minnesota. Mas têm em Bolsonaro o foco principal. “Os contínuos ataques do presidente aos governos estaduais, municipais e ao Supremo Tribunal Federal (STF) começaram a alinhar o arco da oposição, que apontam como as políticas oficiais degradam o sistema democrático, segundo analistas”, pontua o diário argentino. Clarín e Página 12 também relatam os protestos, com este último noticiando que há um “forte repúdio no Brasil ao golpe e ao racismo”
Minar instituições
De acordo com editorial publicado pelo britânico ‘Financial Times’, Bolsonaro, cada vez mais apavorado, está desiludido “com o processo democrático pelo qual ele assumiu o cargo e quer minar as instituições que sustentam o país”. Para o jornal inglês, “poucos presidentes eleitos considerariam participar de uma manifestação na qual manifestantes pedem que o Congresso e a Suprema Corte sejam fechados e substituídos pelo regime militar”.
O diário noticia que Bolsonaro irritou-se com uma investigação da STF sobre uma suposta operação de fake envolvendo os filhos. “De modo sinistro, um dos generais de seu governo, Augusto Heleno, alertou sobre “conseqüências imprevisíveis para a estabilidade nacional” se o Supremo Tribunal Federal sustentasse o pedido de busca”, diz o editorial.
“Agora, os brasileiros estão preocupados com o fato de Bolsonaro estar tentando provocar uma crise entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário para justificar a intervenção militar”, argumenta o editorial. “Até o momento, as instituições brasileiras resistiram ao ataque, com forte apoio público”, aponta o ‘Times’. “É improvável que o exército apoie uma intervenção militar para instalar Bolsonaro como um autocrata. Mas outros países observam: os riscos para a maior democracia da América Latina são reais e estão crescendo”, conclui.
Outros jornais, agência de notícias e redes de TV também cobriram os protestos no Brasil. O canal ‘DW News’, ligado à rede alemã ‘Deutsche Welle’, o governo do Brasil está sendo criticado por sua decisão de mudar a maneira como relata as estatísticas dos coronavírus, divulgando apenas números de mortes das últimas 24 horas.
”Milhares de pessoas foram às ruas de cidades em todo o Brasil, incluindo São Paulo, para protestar a favor e contra o presidente Jair Bolsonaro e seu tratamento da crise”, noticia o canal. “Ele [Bolsonaro] foi criticado por subestimar o perigo da pandemia e rejeitar a necessidade de medidas de proteção”.
Da Redação