A Bancada do PT no Congresso Nacional é contra a criação de uma CPI da Petrobrás, como quer Jair Bolsonaro. Para o partido, está evidente que o atual presidente, diante da sua covardia para resolver o problema dos preços dos combustíveis, tenta apenas criar uma cortina de fumaça para se eximir da culpa.
“A questão dos preços da Petrobrás é uma vergonha. Como que pode um presidente da República ficar brigando com uma empresa estatal, criminalizando uma empresa estatal? Como se ele não tivesse nada a ver com isso. Como se a empresa Petrobrás não fosse majoritariamente do governo, que tem a maioria das ações, que é o controlador da empresa”, denunciou a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), em discurso no Plenário da Câmara nesta quarta-feira (22) (assista abaixo).
Gleisi lembrou que a causa dos preços altos é o preço por paridade de importação (PPI), instituído na Petrobrás por Michel Temer e mantido por Bolsonaro. Como o PPI dolariza os preços e garante lucros fenomenais aos acionistas, Bolsonaro não tem coragem de alterá-lo e desagradar assim seus verdadeiros patrões: os endinheirados do sistema financeiro.
LEIA MAIS: PPI: o que é e quando começou a dolarização dos combustíveis
LEIA MAIS: Petrobrás e o preço da gasolina: 9 perguntas essenciais sobre o tema
“E ele começa a brigar com a empresa, tentando criminalizar a Petrobrás. Ele quer criar uma narrativa política para justificar os crimes que ele comete em relação à economia popular e poder disputar a eleição. Ele quer ter argumento político. Como ele teria que resolver o problema e não resolve, ele diz que é a Petrobrás”, observou Gleisi.
“Como é que quer criar uma CPI para discutir isso? É para fazer uma cortina de fumaça, porque não tem coragem de enfrentar o mercado, não tem coragem de enfrentar os acionistas. Este é um governo que está de joelhos para o andar de cima da sociedade brasileira. Só faz para os ricos, não faz para os pobres. Aí fica inventando uma bobageira de fazer CPI, de tirar imposto dos estados, de dar vale para caminhoneiro”, completou a presidenta do PT.
Na terça-feira (21), o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG), também chamou a atenção para a farsa que Bolsonaro tenta armar com uma CPI.
“A bancada do PT é contra a CPI da Petrobrás proposta pelo governo, que é o verdadeiro responsável pelos altos preços dos combustíveis, pois manteve a dolarização, o lucro dos acionistas e acabou com o papel social da Petrobras, que agora quer privatizar”, afirmou Lopes.
“O problema não é a Petrobras, é o presidente da República, que está na mão dos acionistas que lucram bilhões. Ele quer CPI para desmoralizar a empresa, depois privatizar e entregá-la de bandeja para os mesmos bilionários”, completou.
Privatização criminosa
Além de garantir lucros fenomenais aos acionistas às custas do povo, o PPI também é fundamental para a privatização da empresa, pois garante também lucros astronômicos para os grupos que vêm adquirindo partes da empresa, como a BR e refinarias.
Agora que as eleições se aproximam e o governo vê que tem cada vez menos chances de continuar no poder, tenta vender o resto da empresa a toque de caixa. A ideia de Bolsonaro e Paulo Guedes é converter as ações preferenciais da companhia (sem direito a voto) em ações ordinárias (com direito a voto), driblando restrições constitucionais e legais para repassar o controle da empresa para o rentismo.
É preciso resistir a esse verdadeiro ataque à soberania nacional, e opor-se à CPI é uma das formas de fazê-lo. Criada em 1953, a Petrobrás sempre foi uma importante peça do desenvolvimento do Brasil e, nos governos Lula e Dilma, foi fundamental para a expansão da indústria nacional e a geração de milhões de empregos.
Lula já disse que, se voltar a governar o país, vai voltar a fortalecer a Petrobrás e abrasileira os preços dos combustíveis. Daí o desespero de Bolsonaro em, primeiro, mentir para o povo, fingindo que não é o culpado pelos altos preços; e, segundo, em correr para vender a empresa e assim cumprir a suja missão de entregar as riquezas brasileiras para o capital estrangeiro enquanto ainda está na Presidência.
Da Redação