Ainda que não tenha uma data marcada para a votação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, os parlamentares do PT já estão com a estratégia preparada para impedir que ela sequer entre na pauta: obstrução de todas as matérias.
É o que afirmou líder da bancada petista, Paulo Pimenta (PT-RS), em coletiva na tarde desta sexta-feira (2). “Até que a gente resolva o tema da reforma da Previdência, faremos uma obstrução completa, vamos entrar o semestre em obstrução até derrotarmos esse reforma”. Ele ainda avisou que “nenhum outro tema será tratado no plenário, nenhum outro tema terá acordo de nossa parte”.
No dia 6 de fevereiro, o relator do projeto, deputado Arthur Maia (PPS-BA), vai apresentar a emenda aglutinativa do texto, que reúne todas as emendas feitas ao texto original apresentado pelo governo.
“Não queremos acreditar que com isso o assunto esteja resolvido, pelo contrário. Essa atitude deve ser lida como inexistência dos votos, mas certamente em função da pressão do mercado será apresentada uma nova emenda aglutinativa com objetivo de conseguir os 308 votos”, avaliou pimenta sobre o calendário atual.
O líder do PT na Câmara também afirmou que um ato será realizado na Casa na terça-feira (6), reunindo partidos de oposição e entidades sindicais.
“O tema da reforma da previdência unifica grande parte do mundo do trabalho. É uma questão que na realidade tem dois elementos centrais. O primeiro é o reconhecimento de que esse governo não tem legitimidade para tratar desse tema”, avaliou Pimenta. “O trabalhador sabe que é uma proposta que tem como objetivo chamar a pagar as contas aqueles que menos contribuíram para se chegar nessa situação”.
O deputado acredita que, mesmo que vá a plenário, a proposta de reforma não deve ser aprovada pois contraria as bases dos parlamentares.
“O Eliseu Padilha, que ganha 50 mil não vai ser atingido, mas quem é pensionista vai ser atingido, o casal de aposentados vai ser atingido. Essa reforma vai ser derrotada. O governo tem menos votos porque os deputados foram para a casa e conversaram com suas bases”, disse Pimenta.
O líder da minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), reafirmou o objetivo de bloquear a reforma na Câmara. “Nós vamos mobilizar a oposição, já estamos fazendo isso, para impedir qualquer iniciativa do governo de votar matérias que prejudicam o trabalhador e o país. (…) A reforma da Previdência, vamos bloqueá-la”, afirmou em entrevista à Agência PT.
“É um tiro nos pés os deputados que votarem a favor desta PEC”, afirmou Guimarães. “Essa PEC é um desserviço para o país e precisa ser derrotada. Nossa principal ação na Câmara nesses primeiros 15 dias de fevereiro é mobilizar os parlamentares, fazer o corpo a corpo e mostrar que essa reforma não será aprovada.”
Guimarães destacou que a mobilização nas ruas é fundamental para apoiar a ação dos parlamentares. “Claro que isso tem que ser combinado com as ruas, as mobilizações sociais são fundamentais”. Para ele, também será necessário “mobilizar a oposição, uma oposição forte, mais global e mais radical no sentido do enfrentamento que temos de ter a partir de agora”.
De acordo com o líder da minoria no Senado, Humberto Costa (PT-PE), o enfrentamento político da reforma será levado a cabo, denunciando que elas foram o verdadeiro objetivo do golpe que depôs a presidenta Dilma Rousseff.
“Nós vamos continuar fazendo o debate, o enfrentamento político dessas reformas, denunciando o caráter impopular que elas tem, denunciando que foram a verdadeira razão do golpe que foi dado em Dilma”, afirmou Costa
O senador ressaltou a necessidade de “ao mesmo tempo, procurando junto com movimentos sociais, junto com deputados, impedir que essa votação aconteça, por menor que seja, por menos alterações que possa provocar. Nós amos dar esse enfrentamento, e isso desde o primeiro dia, desde a abertura dos trabalhos”.
Assista a íntegra da entrevista coletiva:
Da Redação da Agência PT de notícias