O anúncio – sem “aviso prévio” – da demissão de 5 mil trabalhadores de um dos setores de ponta da economia brasileira dimensiona o grau de falência e de maldade da política econômica do governo Bolsonaro. Talvez, no terreno do surrealismo, é mais espantoso ainda ver o ministro Paulo Guedes, diante do fato, afirmar que a economia está se recuperando em “V”. “Com Bolsonaro, a Ford fecha fábricas no Brasil e há fuga de investimentos por causa da instabilidade econômica e do ambiente de negócios ruim”, adverte a presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR). “Bolsonaro trabalha contra o Brasil!”, afirma.
Nesta segunda-feira (11), a montadora norte-americana divulgou que está deixando o Brasil, depois de um século de atividades, sinalizando o aprofundamento da crise econômica do país. Com isso, pelo menos 5 mil trabalhadores serão demitidos com o fechamento das fábricas de Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE). A decisão, no entanto, terá efeitos ainda mais perversos, atingindo cerca de 35 mil a 50 mil postos de trabalho indiretos. Em Tambaté, onde a fábrica da Ford funciona desde 1974, 830 funcionários serão demitidos, segundo o sindicato.
O anúncio da saída da Ford do país é sinal do desgoverno comandado pelo presidente Jair Bolsonaro, sintetiza Paulo Cayres, presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT). “Diziam que haveria melhores empregos com as reformas trabalhista e da Previdência, após o impeachment de Dilma. O que estamos percebendo é que nada disso resolveu”, acrescentou. “A Ford, que é capitalista, vai na mesma linha”, disse em entrevista ao jornal Rede Brasil Atual. “A lógica desse governo é destruir empregos e direitos”, conclui. Os trabalhadores promoveram protestos nas cidades atingidas pela decisão.
Uma lógica completamente diferente da história recente do país, em que motivadas pelo confiança na economia e no governo, a Ford e outras empresas investiam no Brasil. Em 2009, diante do aumento de vendas de veículos no país, a Ford confirmou um investimento de R$ 4 bilhões no Brasil entre 2011 e 2015, sendo R$ 2,8 bilhões no Nordeste, para as fábricas em Camaçari (BA) e no Ceará. A lembrança positiva do fato, na segunda-feira, 11, levou o ex-presidente Lula e o PT ao topo do Twitter, com os internautas pedindo a volta do Partido dos Trabalhadores ao governo.
Alinhada à defesa do modelo neoliberal do ministro Paulo Guedes, a mídia corporativa apostou em buscar culpados na falta das reformas administrativa, fiscal e tributária e, principalmente, no “custo Brasil”. “Precisamos de uma proposta econômica efetiva que garanta emprego e renda para o Brasil”, defende o senador Rogério Carvalho (PT-SE), líder da bancada do PT no Senado Federal. “A tal virada econômica de que Guedes fala é cinismo, desfaçatez, deboche, cretinice”, acusou o líder do PT na Câmara dos Deputados, Enio Verri (PR).
Da Redação com Rede Brasil Atual, PT Senado e PT Câmara