Mais uma promessa de Bolsonaro não será comprida. O comprometimento de reajustar a tabela do Imposto de Renda desde 2018 mais uma vez não se cumpriu. A proposta de Orçamento de 2023, enviada ao Congresso Nacional nesta quarta-feira, 31, não contempla a atualização do imposto.
Defasado desde 2015, o IR acumula 24% de perdas, o maior para um mandato desde 1996. O descaso de Bolsonaro com o reajuste no sistema tributário nacional agrava, principalmente, a vida financeira da classe média.
Integrantes da equipe econômica de Paulo Guedes afirmam que não há espaço no Orçamento para um reajuste na tabela neste momento.
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Enganação
No início de agosto, Bolsonaro disse que o reajuste na tabela do Imposto de Renda estava acertado e entraria na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
“Está acertado com o Paulo Guedes, já entra aqui na Lei de Diretrizes Orçamentária etc, isso tudo, essa questão de uma correção da tabela do Imposto de Renda para o próximo ano”, afirmou.
Desde o início do desgoverno de Bolsonaro não houve sequer uma atualização nas regras do imposto, que com a inflação descontrolada, ficou defasada segundo a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco).
Pobres pagam mais imposto do que os ricos
No governo de Bolsonaro é assim: pobres pagam mais impostos do que os ricos. A dura realidade, invertida por uma péssima gestão econômica, maltrata os que mais precisam da dedução de impostos.
Conforme um estudo do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco Nacional) com base em dados de declarações de Imposto de Renda enviadas à Receita, uma pessoa que recebe um salário de R$ 8,5 mil paga mais imposto, proporcionalmente, do que quem ganha R$ 370 mil mensais.
Entretanto, quem ganha R$ 24 mil mensais chega a comprometer um percentual de sua renda com o IR que é mais do que o dobro do percentual comprometidos pelos mais ricos.
Trabalhador paga mesmo imposto que milionário
A classe média paga a mesma alíquota de IR que um milionário, apontam auditores da Receita.
“Pessoas que ganham mais de 320 salários-mínimos chegam a ter cerca de 70% da sua renda isenta, enquanto quem ganha dois salários-mínimos paga sobre 70% do que ganha”, criticou Isac Falcão, presidente do Sindifisco Nacional.
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“O princípio da progressividade indica que deveria ocorrer exatamente o contrário, as pessoas de menor capacidade contributiva deveriam pagar proporcionalmente menos, ressalta.
A falta de correção faz quem ganha salário menor pagar quase 2.000% a mais, aponta Sindifisco. A discrepância no governo de Bolsonaro chega a 26,6%, contra 2,48% sob Lula. “Diferença nunca foi tão grande”, diz presidente da entidade.
Da Redação, com informações do Brasil de Fato