Com o voto favorável do ministro Alexandre de Moraes, o Supremo Tribunal Federal iniciou o julgamento do quarto lote com 250 apoiadores de Bolsonaro denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelos atos terroristas de 8 de janeiro, quando em uma tentativa de golpe de estado foram destruídas as sedes dos Três Poderes – STF, Palácio do Planalto e Congresso Nacional. A tendência é que a Corte siga o resultado dos julgamentos anteriores e torne 800 pessoas rés.
Até o momento, já foram indiciados pelo STF 500 bolsonaristas por conta da depredação dos prédios públicos da Praça dos Três Poderes. A primeira lista com cem nomes tornados réus foi julgada pelo Supremo em 24 de abril. A segunda, com 200 nomes, em 2 de maio. A terceira, com 250 nomes, em 7 de maio. E a quarta, ainda em julgamento, com 250 nomes, deve ser concluída pelo plenário virtual da Corte até a próxima segunda-feira, dia 15 de maio.
A PGR já apresentou denúncias contra 1.390 pessoas no âmbito dos inquéritos que tratam dos atos antidemocráticos, sendo 239 no núcleo dos executores (INQ. 4.921), 1.150 no dos incitadores e uma pessoa no núcleo que investiga suposta omissão de agentes públicos (INQ 4.923). A primeira leva de 39 denunciados pela PGR foi apresentada ao STF em 16 de janeiro.
Novos personagens
O avanço das investigações chega a novos personagens do círculo próximo e assessores de Bolsonaro, identificados e presos, como Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente, e o ex-major do Exército Ailton Barros, chamado de “01 de Bolsonaro”. Com isso, a arquitetura da tentativa de golpe de estado, após a derrota de Bolsonaro nas urnas, é revelada e o cerco se fecha contra o ex-presidente, que fugiu do Brasil para os Estados Unidos ainda no exercício do cargo em 30 de dezembro de 2022.
As apurações da Polícia Federal (PF) chegaram a esses articuladores do golpe a partir da fraude em cartão de vacinação envolvendo Bolsonaro, coronel Cid e seus familiares e o ex-major Ailton Barros.
Segundo transcrição de áudios em mensagens de WhatsApp, identificadas pela PF a partir da apreensão do celular de Mauro Cid, e reveladas pela apresentadora Daniela Lima, da CNN, em 15 de dezembro Ailton Barros discutiu a possibilidade de golpe de estado com Mauro Cid, cobrando atitude das Forças Armadas, inclusive fora das quatro linhas, se necessário, com a prisão do ministro do STF Alexandre de Moraes.
De acordo com a presidenta Nacional do PT e deputada federal pelo Paraná, Gleisi Hoffmann, este é um fato gravíssimo que levará farto material para as investigações da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Golpe. “O genocida é o capitão do golpe”, escreveu Gleisi em seu Twitter.
Ataques aos Três Poderes
Em 8 de janeiro, milhares de apoiadores de Bolsonaro chegaram em ônibus fretados a Brasília para uma tentativa de golpe de estados que expôs a omissão e conivência da segurança do Distrito Federal e das forças encarregadas da segurança do Palácio do Planalto, STF e Congresso Nacional.
Por conta da destruição e depredação do patrimônio público e obras de arte, além das milhares de prisões e condenação com réus, a Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com pedido de bloqueio de bens de 45 pessoas e empresas. O valor subiu de R$ 20,7 milhões para R$ 26,2 milhões após atualização de danos à sede do Supremo.
Da Redação