Menos trabalho, menos renda, menos consumo. Temer montou uma armadilha para a economia do Brasil, que continua a patinar, como comprovam os números mais recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mês de julho, a indústria recuou 0,2% em relação ao mês anterior, o comércio varejista caiu 0,5% e os serviços despencaram 2,2%.
“É impressionante o tamanho da devastação social que o país está vivendo”, critica o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do PT no Senado.
Tragédia social
Com o desemprego atingindo mais de 13 milhões de brasileiros e brasileiras — se forem contabilizados os que já nem procuram emprego, esse número chega a 27 milhões de pessoas — os indicadores econômicos confirmam a falta de perspectiva de uma política econômica que aposta no arrocho e resulta em um círculo vicioso impossível de romper.
“É uma verdadeira tragédia social”, resume Lindbergh. “Quem votou pelo afastamento de Dilma para colocar Temer, quem votou no congelamento dos investimentos sociais da Emenda Constitucional 95, quem votou na reforma trabalhista é cúmplice dessa destruição social”.
Queda geral
Os dados mais recentes do IBGE sobre o setor de serviços, divulgados nesta sexta-feira (14), mostram queda de 2,2% em julho, frente ao mês anterior. Em comparação a julho de 2017 a queda é de -0,3% (quinta taxa negativa do ano).
Até o índice de atividades turísticas recuou 1,7% entre junho e julho — mostrando que nem as férias escolares conseguiram animar o setor.
Varejo e indústria também caem
Os números do comércio varejista, divulgados pelo IBGE na quinta-feira (13), mostram que em julho de 2018, na série com ajuste sazonal, o volume de vendas sofreu uma queda de 0,5% em relação a junho. Foi o terceiro resultado negativo consecutivo, resultando numa perda 2,3% nesse período. “Com isso, a média móvel do trimestre encerrado em julho (-0,8%) intensifica o ritmo de queda, em relação ao trimestre encerrado em junho (-0,2%)”, informa o boletim do IBGE.
Divulgados no último dia 4, os números da indústria também são preocupantes. Em julho, a produção industrial brasileira caiu 0,2% em relação ao mês anterior. A queda foi puxada pelo recuo na produção de bens de capital, como caminhões e máquinas. Bens de capital são utilizados, basicamente, em investimentos para aumentar a produção. Retrações nesse setor são sempre interpretadas como sinônimo de “desânimo” na economia.
Armadilha econômica
O cenário de desalento é resultado da radicalização do arrocho fiscal, tão decantado por Temer e aliados. O maior símbolo dessa opção é a Emenda Constitucional 95, derivada da chamada “PEC da Morte”, que determinou o congelamento dos investimentos sociais por 20 anos.
“Com essa emenda do teto dos gastos, não há como a economia se recuperar. O investimento público tem um efeito multiplicador no crescimento econômico”, lembra Lindbergh. Ele cita um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), mostrando que cada 1% do Produto Interno Bruto (PIB) investido pelo governo gera um crescimento de 1,8% da economia.
“Só que o inverso também é verdadeiro: o arrocho fiscal coloca a economia para baixo e traz uma destruição social gigantesca”, alerta Lindbergh.
Por PT no Senado