Somadas as horas de trabalho aos afazeres domésticos e cuidados com a família, as mulheres trabalham mais do que os homens. Apesar disso, elas continuam recebendo menos que os homens. Em 2018, essa diferença foi de 20% em média, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE).
A situação se agrava ainda mais se considerarmos que elas são as mais afetadas pela política ultraliberal adotada por Jair Bolsonaro (PSL). Com a reforma da Previdência, por exemplo, saíram perdendo com todas as alterações.
E como superar esse desafio de inserir plenamente as mulheres no mundo do trabalho com os mesmos direitos e rendimentos que os homens? Esse foi o tema da última mesa do Festival Elas por Elas, realizada neste domingo (04). Para debater o assunto as convidadas foram a Secretária Nacional de Relações de Trabalho da CUT, Graça Costa, a Especialista em desenvolvimento local pela Organização Internacional do Trabalho Regilane Fernandes, a gestora de pessoas Carlota Nogueira e a deputada estadual Isolda Dantas (PT-RN).
Para elucidar a questão, Graça Costa começou dando um pouco mais de contexto sobre o momento político e econômico que o país atravessa. “Temos que ter a clareza de que sofremos um golpe, que esse golpe está em curso e que está sendo aprofundado. Precisamos de uma preparação contundente e ramificada para recuperar a democracia e os nossos direitos”. afirma.
Em diálogo com essa ideia, Isolda Dantas cobra um processo eleitoral verdadeiramente democrático. Se isso tivesse ocorrido em 2018, afirma a deputada estadual, “teríamos de volta o melhor presidente da história desse país: Luiz Inácio Lula da Silva” – Lula é vítima de uma prisão política desde 07 de abril de 2018 e foi impedido de concorrer ao pleito que liderava em todas as pesquisas.
O ex-presidente também foi lembrado na fala de Regilane Fernandes, que atribui a ele um papel fundamental para que a economia solidária esteja hoje na agenda de estados e municípios brasileiros.
O modelo, para a especialista em desenvolvimento local, não é apenas uma alternativa ao capitalismo, mas sim uma nova forma de organização da classe trabalhadora que tem se mostrado revolucionário para mulheres e comunidades. “A economia solidária parte do princípio de que a experiência cultural e identitária é central para trazer mudança e fazer revolução”, caracteriza. E lembra: “quando uma mulher acredita que algo é revolucionário, ela faz e ponto”.
Nesse sentido, sua fala dialoga com as considerações da gestora de pessoas e empresária Carlota Nogueira, que retrata a resistência das mulheres. “A autonomia começa dentro de nós, desde o momento em que nascemos porque somos obrigadas a desconstruir, quebrar todos os paradigmas e padrões impostos pela sociedade”, afirma.
Festival Elas por Elas
O evento organizado pelas secretarias nacionais de Mulheres e de Cultura do Partido dos Trabalhadores teve início sexta-feira (02) e encerra neste domingo (04), em Natal, Rio Grande do Norte. Participaram do festival 600 representantes de mais de 20 estados brasileiros.
A programação incluiu debates, oficinas, diversas atrações culturais e feira de artesanato com o objetivo de promover a troca de experiências culturais entre pessoas de todo país e o empoderamento feminino.
O Rio Grande do Norte foi escolhido como palco do Festival Elas por Elas por ter sido o único estado brasileiro a eleger uma mulher, a petista Fátima Bezerra para o governo.
Da Redação da Secretaria Nacional de Mulheres do PT