Em mais uma prova da completa submissão do governo de Jair Bolsonaro aos EUA, o presidente Donald Trump pressionou o Brasil a não comprar a vacina Sputnik V. A revelação consta de um relatório de um órgão do próprio governo americano, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA (HHS, na sigla em inglês), e obtido pela Brasil Wire.
O documento fala na necessidade de “combater as influências malignas nas Américas” e aborda os esforços do Escritório de Assuntos Globais (OGA) do HHS para prejudicar Cuba, Venezuela e Rússia. Segundo relatório, os três países estariam “trabalhando para aumentar sua influência na região em detrimento da segurança dos Estados Unidos”.
Duas medidas em especial foram identificadas pelo documento: o uso do escritório do adido de saúde da OGA para convencer o governo brasileiro a não comprar o imunizante russo e o apoio do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) para o Panamá rejeitar uma oferta de médicos cubanos.
Após o vazamento do relatório, a embaixada americana no Brasil negou que o governo dos EUA tenha trabalhado para impedir a compra. Já o Fundo Soberano Russo, responsável pela produção da vacina, condenou a política intervencionista de Trump: “Os países devem trabalhar juntos para salvar vidas. Os esforços para minar as vacinas são antiéticos e custam vidas”, diz nota do Fundo.
Em nota, o Itamaraty informou que “a Embaixada do Brasil em Washington não recebeu consultas ou gestões de autoridades ou empresas dos Estados Unidos a respeito da eventual compra, pelo Brasil, da vacina russa contra a Covid-19”.
Cresce interesse mundial pela Sputnik V
Já aprovada para uso emergencial em 40 países, a Sputnik V, que possui eficácia contra a Covid-19 de mais de 90%, ainda não obteve registro no Brasil, apesar do anúncio da compra de 10 milhões de doses pelo governo brasileiro. O Consórcio de Governadores do Nordeste também formalizou a compra de 37 milhões de unidades.
Enquanto isso, avançam acordos para a produção da Sputnik V na França, Alemanha Espanha e Itália, anunciou o Fundo Soberano Russo. A União Europeia iniciou processo de avaliação da vacina no início deste mês.
“Atualmente, há outras conversas em curso para aumentar a produção na UE. Isso permitirá começar a abastecer o mercado único europeu com a Sputnik V, assim que a Agência Europeia de Medicamentos aprovar”, declarou o presidente do Fundo, Kirill Dmitriev, em um nota à imprensa.
Da Redação, com G1, Brasil Wire e AFP