Bolsonaro troca ministro da Saúde para manter política genocida

Mudança no Ministério da Saúde não altera a política do governo, que já matou quase 280 mil brasileiros

Ao tirar Eduardo Pazuello da Saúde, trocando de ministro pela terceira vez em plena pandemia, Jair Bolsonaro busca não alterar, mas sim manter a política genocida que adotou diante do coronavírus e já matou quase 280 mil brasileiros. A única conclusão possível, portanto, é a de que não é preciso trocar o ministro, mas sim mudar de presidente.

Na segunda-feira (15), quando foi confirmado para a pasta, Marcelo Queiroga deu todos os sinais de que não vai fazer o que precisa ser feito. Ele rejeitou a adoção do lockdown (“não pode ser política de Estado”, disse) e deixou em aberto o uso de remédios que não funcionam contra o vírus, como a cloroquina (em vez de descartá-la, frisou que médicos têm autonomia para prescrevê-la). Na manhã desta terça-feira (16), não deixou mais dúvidas: disse que a política é do governo Bolsonaro, não do ministro da Saúde. “A Saúde executa a política do governo.”

Como boneco de ventríloquo, Queiroga só diz o que o chefe deixa. Defendeu, por exemplo, o uso de máscara e a compra de vacinas, dois pontos que Bolsonaro incluiu recentemente ao discurso na tentativa de disfarçar sua política de morte. Como bem resumiu a presidenta nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), tanto faz se Pazuello sai ou fica. “Enquanto o presidente for um genocida negacionista, o ministro da Saúde será sempre seu espelho. E o povo continuará à mercê da necropolítica bolsonarista”, analisou Gleisi.

Pressão de militares

Bolsonaro não pensa no povo ao nomear o quarto ministro da Saúde em cerca de um ano. Na verdade, cede à pressão dos militares, que, preocupados com sua imagem, não queriam mais ver o general Pazuello na linha de frente do genocídio.

Não devemos, jamais, esquecer que, na gestão do general, a Covid-19 matou 250 mil brasileiros, muitos desses sufocados, sem sequer receber atendimento em um hospital. Foi em sua passagem pelo ministério também que o Brasil recusou a oferta de 70 milhões de vacinas da Pfizer.

Colunistas de política informam, nesta terça-feira (16), que os militares estão aliviados. O que só revela a hipocrisia do vice-presidente, o general Hamilton Mourão, quando disse, na segunda, que “deveríamos ter, desde o começo, tido uma campanha séria de conscientização da população”.

A verdade, porém, é que Bolsonaro, com a participação de militares, empurra o Brasil para números ainda mais desoladores e trágicos. A prova cabal de que não pretende mudar a política assassina foi a recusa da doutora Ludhmila Hajjar de assumir o cargo de nova ministra. Ao perceber que não poderia fazer o que precisa ser feito, a médica disse não ao convite.

“Acho que o cenário é bastante sombrio. O Brasil vai chegar rapidamente em 500 mil, 600 mil mortes. E não só isso, mas todo o impacto que esta doença terá em longo prazo, sequelas e consequências que não estão sendo pensadas”, disse Hajjar à Globo News.

CPI

Bolsonaro e seus cúmplices precisam ser parados. Como disse o presidente Lula, alguma medida precisa ser tomada para que o brasileiro “volte a sonhar”. Lula, prefeitos e governadores, diante do ataque contra o povo promovido pelo governo federal, fazem o que podem, negociando vacinas e adotando medidas para salvar vidas, como fez Edinho Silva (PT), que, com 10 dias de lockdown em Araraquara (SP), reduziu pela metade a transmissão da Covid-19.

Além de serem parados, Bolsonaro e seus cúmplices devem responder pelo que fizeram. O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), ex-ministro da Saúde, descreveu bem a tentativa de Bolsonaro de escapar de uma necessária CPI. “Bolsonaro entregou o general como boi de piranha para estancar a CPI da Covid. O Brasil precisa saber se a compra de cloroquina e a negativa de vacinas é negacionismo ou se é mais uma mamata de Bolsonaro. Bolsonaro mamateiro compulsivo”, escreveu Padilha no Twitter

E há muito a ser apurado, ressaltou Padilha: “O general, que a mando de Bolsonaro invadiu a pasta da Saúde, a mais importante na guerra contra a pandemia, entra e sai sem entregar os testes que anunciou, a vacina que prometeu, o oxigênio que ignorou e a expertise em logística que anunciava. É o maior vexame da história do Exército brasileiro, mancha que nunca mais será esquecida pelos entes de mais de 279 mil pessoas que perderam a vida, pelo povo brasileiro e pelo mundo”.

Da Redação, com informações de El País, Folha de S. Paulo, O Globo e Correio Braziliense.

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