A imprensa internacional novamente fez críticas ao governo golpista de Michel Temer. Desta vez, a notícia foi a queda do ministro da Transparência, Fiscalização e Controle Fabiano Silveira – o segundo em apenas 17 dias.
Silveira pediu para sair da pasta depois de ser divulgado um áudio em que ele critica a Operação Lava Jato e orienta a defesa de um dos investigados, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
O jornal norte-americano “The New York Times”, considerado um dos mais influentes do mundo, publicou que a queda de Silveira “desferiu outro golpe contra um governo que parece estar mancando de um escândalo a outro”.
Para o NYT, há uma “atmosfera cada vez mais paranóica na capital, Brasília”, onde “membros das elites políticas e econômicas estão gravando secretamente uns aos outros para fazer acordos de delação premiada”.
O britânico “The Guardian”, que havia publicado reportagens e artigos criticando o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, afirmou que “a reputação do novo governo interino deslizou de frágil para burlesca” com a queda do segundo ministro.
“A renúncia de Silveira eleva a pressão sobre o governo de Michel Temer, que encontra dificuldades de sacudir as acusações de que tomou o poder da presidenta afastada Dilma Rousseff com o objetivo de obstruir a maior investigação de corrupção na história do país”, destacou a publicação.
O argentino “La Nación” comenta que “o desgaste político do governo interino se acelera a um ritmo vertiginoso” e que a conversa que culminou na saída de Silveira do ministério da Transparência causou “indignação em amplos setores da sociedade brasileira e inclusive em organismos internacionais anticorrupção”.
Apesar de o chanceler José Serra insistir para que diplomatas combatam a tese de golpe no exterior, as críticas internacionais a Temer não param. Na última quinta-feira (26), 20 políticos britânicos condenaram o afastamento de Dilma, o que classificaram como “um insulto à democracia“.
Em carta aberta publicada no “Guardian”, os políticos também criticam Temer, quem, para eles, mostrou “sua verdadeira face ao nomear um gabinete ministerial não representativo composto somente por homens e ao lançar políticas neoliberais que vão prejudicar milhares de trabalhadores e pessoas pobres”.
Dilma comentou a saída do ministro e lembrou que foi seu governo o responsável por criar a Lei da Transparência (Lei nº 12.257/2011), que regulamentou o direito às informações públicas pela sociedade, e que nunca teve um ministro da Controladoria-Geral da União (CGU) afastado do cargo. “Nunca tivemos ministro da Controladoria Geral da União afastado, o ministro da CGU nunca deixou de fazer sua função, de dar transparência ao governo”, disse Dilma. “Fizemos o site da transparência e quando eu vi que eles tinham criado um Ministério da Transparência, eu fiquei pensando [o que queriam]. E então [com as gravações] eu tive a certeza de que se tratava de esconder a transparência, torná-la opaca”.
Extinta por Temer, a CGU foi criada em 2003 no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para atuar na defesa do patrimônio público e no incremento da transparência da gestão.
Da Redação da Agência PT de Notícias