O governo golpista não está tomando todas essas medidas antipopulares, rejeitadas por mais de 70% da população, para permitir que a eleição de 2018, com regras democráticas, ponha tudo a perder. Alguma intervenção eles vão fazer para tentar impedir isso.
O papel da oposição popular é o de defender o caráter constitucional de 2018 e assim transformar as eleições numa crise política do golpe. Como a crise econômica está se aprofundando e as medidas antissociais vão arrochar ainda mais a massa trabalhadora, é muito provável que a desculpa de que “foi culpa de Dilma” já não esteja mais contendo a insatisfação popular, no decorrer de 2017.
Em consequência desse quadro econômico negativo e dessa panela de pressão social é possível ainda que setores do PMDB comecem a se afastar do governo, refletindo a insatisfação dos segmentos empresarias voltados para o mercado interno. Será um cenário propício para a ascensão do movimento de massas e da cobrança de eleições democráticas em 2018, inclusive com potencial de crescimento da bandeira de nova Constituinte. É para esse possível cenário que o PT precisará se renovar no primeiro semestre a fim de aumentar a pressão da luta popular contra o golpe.
Prefiro “sonhar” desse jeito, com pelo menos um pé no chão, do que imaginar um “2018” idilicamente democrático, como se já não estivéssemos vivendo num regime de exceção ou numa ditadura efetiva (até hoje não vejo diferença substancial). Muita gente nossa continua planejando 2018 comparando com 2014, como se fosse possível ter eleição democrática dentro de uma ditadura.
Val Carvalho é militante do PT-RJ