Dilma denuncia ataques a governos populares em ato no Uruguai

Presidenta eleita participou da “Jornada Continental pela Democracia e contra o Neoliberalismo” e recebeu apoio de militantes que repudiam o golpe

A presidenta eleita Dilma Rousseff participou nesta sexta-feira (4) em Montevidéu, da Jornada Continental pela Democracia e contra o Neoliberalismo, organizada no Uruguai pela central PIT CNT e a governista Frente Ampla, onde afirmou que teme que o retrocesso social que assola o Brasil após o golpe que a afastou do poder seja uma tendência que ameaça todas as conquistas dos governos populares no continente.

Pela manhã, Dilma participou de ato junto com o presidente del Frente Amplio, Javier Miranda, na praça Libertad, na capital uruguaia. A presidenta começou sua fala agradecendo a honra de participar do ato pela democracia “que confirma a solidariedade entre nossos povos e nossos movimentos”.

Durante o ato a presidenta destacou que os direitos sociais conquistados por quase um século de luta “estão profundamente ameaçados” e defendeu que a preservação da democracia está no centro das preocupações a nível regional.

“O grande papel da democracia é nos reconhecermos como pessoas com igualdade, mas sobretudo como pessoas. Não podemos aceitar que nos reduzam a indivíduos isolados, que não constroem laços, nem a solidariedade mais elementar entre os seres humanos”.

“Devemos colocar a democracia no centro de nossas lutas”, afirmou. “Sem democracia não temos como lutar contra as desigualdades, como ser solidários e construir cooperação entre nossos povos”

Dilma criticou o que considera um processo que visa a reverter as conquistas sociais no continente latino-americano e afirmou que há pessoas que querem “continuar com a mais perversa desigualdade”. Também defendeu os governos de esquerda da região, assinalando que, na América Latina, “houve ganhos dos trabalhadores mais pobres, apesar de não ter acabado com a desigualdade”.

“Os governos populares são atacados frontalmente de norte a sul em nosso hemisfério. Há uma tentativa de retroceder ao passado, onde uma imensa desigualdade, que ainda recai sobre nossos povos, era ainda maior”, disse a presidenta.

“Não cometi nenhum crime político e fui retirada da presidência”, acrescentou Dilma. E, explicando o motivo do golpe: “O que está em curso no Brasil é um processo de implantação do Estado mínimo. Jamais faríamos um ajuste que prejudicaria os trabalhadores”. E encerrou dizendo estar muito feliz por ver a força da solidariedade do povo uruguaio.

O secretário geral da central sindical, Marcelo Abdala, destacou seu apoio a Dilma e denunciou que “foi injustamente destituída pelo que consideramos um golpe de Estado. Assim que essa mobilização de caráter continental, que é parte de uma luta democrática, condena de forma enérgica a nova metodologia de golpes brandos que o imperialismo norte americano está promovendo”.

Jornada Continental

A Jornada Continental pela Democracia e Contra o Liberalismo, organizada em toda a América Latina por centrais sindicais, movimentos sociais e frentes de esquerda, tem atos acontecendo em diversos países, entre eles o Brasil, Argentina, Uruguai, Peru, Venezuela e Cuba, tendo como principais diretrizes a luta pela integração e soberania dos povos latino-americanos, pelo aumento de salários e contra o neoliberalismo (https://seguimosenlucha.wordpress.com).

Coletiva de imprensa

Depois da manifestação, Dilma visitou a sede da central sindical PIT-CNT para uma coletiva de imprensa, onde afirmou que o Brasil tem um sistema político em crise, e o que houve no país foi um golpe parlamentar disfarçado de julgamento político, o que deixou o futuro da nação tão incerto que nem analistas fazem previsões sobre o que possa acontecer nos próximos anos.

Sobre as eleições presidenciais previstas para 2018, Dilma destacou que as pesquisas mostram o ex-presidente Lula como o candidato com maior aceitação dos brasileiros, mesmo tendo sido submetido a uma campanha de difamação pelos meios de comunicacão.

Dilma Rousseff na sede da central sindical uruguaia PIT CNT

Dilma Rousseff na sede da central sindical uruguaia PIT CNT

No fim da tarde, Dilma foi declarada cidadã ilustre de Montevidéu pelo prefeito Daniel Martínez.

Foto: Frente Amplio

Foto: Frente Amplio

Da Redação da Agência PT de notícias, com informações da Telesur

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