Durante a convenção de lançamento de sua candidatura, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT-SP), fez um balanço das principais políticas de sua gestão e convidou a militância a trabalhar para garantir mais 4 anos de gestão petista na cidade. Em seguida, concedeu entrevista à diversos veículos de mídia.
“Tenho muita confiança de que a população nos dará esta segunda chance inédita porque o PT nunca teve (em São Paulo) esta segunda chance, de concluir a transição em 8 anos. Nunca tivemos isto e precisamos disto para a mudança de perspectiva na cidade de São Paulo”.
Na coletiva, Haddad explicou por que seu governo gastou menos em publicidade do que as gestões anteriores, transparência e combate à corrupção e do que está em jogo com o golpe para afastar a presidenta eleita Dilma Rousseff do cargo.
Leia abaixo a entrevista completa:
– Gastos com propaganda
Nós, de fato, investimos 50% a menos em publicidade do que o governo anterior. Mas fizemos isto conscientemente. Fizemos isto porque entendíamos que, na crise, precisamos gerar emprego e obra. E foi o que fizemos. Nós usamos 400 milhões de reais de economia em publicidade para ter mais obra para a população. CEU, UBS, creche, hospital.
Eu entendo que no período eleitoral teremos condições de comunicar o que as pessoas não sabem. Ele [Lula] tem razão quando diz isto. Estou fazendo um hospital em um bairro e às vezes a pessoa daquele bairro não tem informação. Eu sou cobrado de começar a obra do hospital de Parelheiros, e eu estou quase terminando a obra do hospital de Parelheiros.
Temos que entender que as circunstâncias impediram que nós gastássemos em publicidade. Mas teremos tempo para comunicar o que nós fizemos.
– Presença de Lula na campanha
Isto depende muito da agenda dele. Ele é uma pessoa requisitada no Brasil inteiro, tem a agenda dele. Temos aqui militância sucifiente para fazer chegar à população mais pobre as informações.
O que foi prometido foi entregue? Fizemos creches, UBS, abrimos leitos hospitalares, melhorou o transporte público? Temos certeza de que o serviço público de São Paulo melhorou naquilo que é relevante.
– Por que mais 4 anos?
Eu fui ministro da Educação por 8 anos. Eu sei que, na segunda metade, eu fiz o dobro do que fiz na primeira. Porque a primeira metade de um proneto envolve muita incompreensão. As pessoas às vezes demoram a entender as medidas tomadas para civilizar a cidade, para deixar a cidade mais funcional.
No segundo governo, você consolida as políticas públicas. Acabar com a aprovação automática exige tempo, a mentalidade precisa mudar. A priorização do transporte público. A maturidade de alguns empreendimentos – tenho dois hospitais para entregar no ano que vem. O da Brasilândia está quase pronto. Você quer concluir aquilo que você começou.
– Debate nacionalizado
Estou preparado para qualquer debate. Todo debate me interessa. Sobretudo o de natureza moral. Este tema me interessa particularmente. Estamos concluindo o mandato com quase 600 milhões de dinheiro desviado recuperado. Do ponto de vista do combate à corrupção, São Paulo deu um exemplo para o Brasil inteiro. Minha gestão é referência nacional de transparência e combate à corrupção.
– Política e retrocessos
Primeiro, eu acho que é um casuísmo. A imprensa internacional já está unânime em dizer que as regras não foram respeitadas. Foi um casuísmo.
Independetemente de ser um casuísmo, tem a questão mais importante ainda que são as conquistas sociais. Tivemos dois períodos de crescimentos das conquistas sociais.
O período de Getúlio Vargas, em que consolida uma legislação trabalhista avançada, e o período da Constituinte, de 88, que teve sua tradução no governo do presidente Lula. Os direitos sociais, que estão hoje ameaçados. Então imagino sim que isto seja um retrocesso.
– Gabriel Chalita como vice
Porque queremos mostrar que o país precisa de união. O Chalita vem de outra escola de política, mas compreendeu que nosso projeto era o mais avançado para a cidade. E demonstramos a unidade. Não é porque você saiu de locais diferentes que você não pode se encontrar num meio termo que seja benéfico para a população como um todo.
O Chalita é uma figura conhecidíssima, campeão de votos para deputado, teve votos para prefeito em 2012, já tinha me dado apoio no segundo turno e agora compõe a chapa para demonstrar que queremos a unidade para quem mais precisa na cidade.
– Linha da campanha em SP
Concordo, por um lado, mas acho que a gente tem tantas realizações que são desconhecidas da população que, na hora em que a gente organizar o discurso e veicular na tevê e nas rádios o que está sendo feito, tenho muita confiança de que a população nos dará esta segunda chance inédita porque o PT nunca teve (em São Paulo) esta segunda chance, de concluir a transição em 8 anos.
Nunca tivemos isto e precisamos disto para a mudança de perspectiva na cidade de São Paulo.
São Paulo estava um caos. Hoje estamos organizando a cidade. Plano Diretor, dívidas, investimento público, investimento privado. Tudo sendo organizado em prol do desenvolvimento sustentável. Abortar este projeto vai ser uma pena para a cidade.
– Como será feita a campanha?
Em primeiro lugar, apresentando todas as promessas cumpridas de 2012. O acervo de realizações deste governo não tem precedente. Só na dívida de São Paulo, o ganho foi de 46 bilhões de reais. O recorde em creches, em leitos hospitalares, o recorde em ganho de tempo no transporte público. Em todas as áreas os avanços são extraordinários. Os avanços são significativos.
Em uma segunda etapa, vamos projetar o futuro. São, então, duas etapas em que a campanha vai se dar. Consolidar as conquistas e projetar o futuro.
– Campanha de 2018
Do meu ponto de vista, estou preocupado com 2016 e com a cidade de São Paulo. Inclusive, tenho sabido que alguns de meus adversários se recusam a assinar o compromisso de ficar até o final do mandato se ganharem.
Isto é muito ruim para São Paulo, uma cidade usada de trampolim para políticos tradicionais e até mesmo oportunistas. Esta recusa de assinar um compromisso com a cidade é muito grave. Significa que não têm projeto de cidade, têm projeto de poder. Querem o poder antes da transformação social.
Por Daniella Cambaúva, da Agência PT de Notícias