Uma das pessoas mais dedicadas a denunciar a exclusão social em massa promovida pelo governo de Jair Bolsonaro, que acabou ao mesmo tempo com o auxílio emergencial e o Bolsa Família, a ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Tereza Campello gravou para a TvPT um vídeo no qual explica como o atual presidente abandonou à própria sorte mais de 29 milhões de famílias (assista abaixo).
No vídeo, Tereza mostra que, a partir deste mês, passou a existir apenas o Auxílio Brasil, que atende 14,5 milhões de famílias. Porém, até outubro passado, eram 43,9 milhões de famílias com algum tipo de ajuda contra a fome – 39,3 milhões que recebiam o auxílio emergencial (sendo que, dessas, 10 milhões eram oriundas do Bolsa Família) mais 4,6 milhões que permaneceram no Bolsa Família porque seus benefícios eram maiores que o máximo pago pelo auxílio emergencial em 2021 (R$ 375).
A conta é simples. Basta subtrair o total de beneficiários até outubro (43,9 milhões) do total de beneficiários do Auxílio Brasil em novembro (14,5 milhões) para se chegar ao total de 29,4 milhões de famílias abandonadas.
PT identificou onde está a maioria dessas famílias
A partir de dados do próprio governo federal, a assessoria técnica do Partido dos Trabalhadores conseguiu identificar onde vive a maior parte desses excluídos por Bolsonaro. Cruzando os dados do total de benefícios pagos pelo auxílio emergencial em outubro e pelo Auxílio Brasil em novembro, mostramos em que cidade do país vivem 24,8 milhões dessas famílias (acesse aqui as tabelas).
O Mapa da Exclusão completo (incluindo as 4,6 milhões de famílias que continuaram recebendo o Bolsa Família durante a vigência do Auxílio Emergencial) será concluído quando o PT tiver acesso a todos os dados, o que já foi solicitado pela presidenta nacional do partido, deputada federal Gleisi Hoffmann.
Cortes sem estudo prévio
Tereza Campello denuncia que o governo eliminou o benefício desses milhões de brasileiros sem dar nenhum tipo de orientação, o que gerou filas de pessoas nas agências bancárias de várias cidades. “São mais de 29 milhões de famílias que foram completamente excluídas, sem nenhuma informação, sem nenhuma orientação e sem que ninguém tivesse tentado saber se essas famílias continuam precisando. Como se a pandemia tivesse terminado, como se a economia estivesse bem e como se essas famílias tivessem voltado à sua vida normal. E a gente sabe que não foi isso que aconteceu”, afirma.
A ex-ministra ressalta ainda que o governo Bolsonaro não fez nenhum levantamento da situação das famílias excluídas. “Não tentou sequer saber se essas famílias tinham encontrado emprego, se essas famílias continuavam na informalidade, se essas famílias tinham o que comer em novembro, dezembro, janeiro… Essas famílias foram simplesmente excluídas”, denuncia.
E pior: o critério de exclusão foi uma espécie de pegadinha perversa, pois as famílias abandonadas foram aquelas que haviam se inscrito no aplicativo do auxílio emergencial. Ao criar o Auxílio Brasil, o governo Bolsonaro só manteve aquelas famílias que estavam no Cadastro Único, eliminando automaticamente os inscritos no auxílio emergencial.
Da Redação