Hoje é 13 de maio, dia em que foi assinada a Lei Áurea. A partir daquele momento, os negros escravizados no Brasil deveriam ser libertos e poderiam usufruir da sua liberdade plena e completamente. Mas como? Ao contrário de outros lugares onde houve o regime escravocrata, no Brasil, a “abolição” não legou ao negro nenhum tipo de reparação ou mesmo forma de subsistência. Abandonados à própria sorte, os ex-escravos e os seus descendentes não receberam indenização, terra pra plantar, acesso à educação, saúde e todos os outros direitos básicos. Desta forma, o 13 de maio de 1888 foi apenas mais uma página de um sistema de segregação racial que persiste até hoje.
Nos governos de Lula e Dilma, a população negra conquistou alguns direitos de reparação, como as Cotas Raciais nas Universidades. No âmbito da gestão das políticas públicas, a criação da Seppir com status de ministério deu mais visibilidade para a questão negra e, ainda com todos os equívocos cometidos pelos nossos governos, podemos dizer que avançamos muito nos 14 anos em que o PT governou o nosso país.
Após o golpe, sobretudo após a ascensão de Bolsonaro à Presidência da República com uma pauta completamente racista, estamos vivendo tempos sombrios para a população negra. Os grupos de extermínio e as milícias encontram autorização pra agir, as polícias implementam o procedimento do atirar primeiro e perguntar depois, as Cotas Raciais estão sendo atacadas e o próprio presidente diz que, no Brasil, “racismo é coisa rara”.
A nossa luta por reparação e por uma verdadeira abolição permanece mais firme do que nunca. A força do povo negro vai ser capaz de frear os retrocessos e derrotar este governo. Nossas vidas importam e nós não aceitaremos passivamente a morte dos nossos irmãos e irmãs.
Viva Zumbi, Dandara, João Cândido e todos os nossos mártires. Viva o povo negro brasileiro!
Nádia Garcia
Secretaria Nacional de Negros e Negras e LGBT da JPT
Ronald Sorriso
Secretário Nacional da JPT