Partido dos Trabalhadores

A desigualdade vai crescer com o fim do auxílio emergencial

PT insiste que para amenizar a crise em 2021, o Brasil terá de adotar um programa de renda básica permanente. Proposta das bancadas petistas no Congresso amplia o Bolsa Família para assegurar a todos brasileiros uma renda por pessoa de R$ 600. “Bolsonaro não tem a mínima ideia do que fazer de bom para o Brasil. Vamos apresentar um plano para o país retomar o caminho da inclusão e desenvolvimento”, anuncia Gleisi

Arte: Fundação Perseu Abramo

O aumento da desigualdade e a explosão da miséria em 2021, com 50 milhões de brasileiros com queda brutal de renda, são uma das grandes preocupações dos dirigentes do Partido dos Trabalhadores. Isso porque o fim do auxílio emergencial de R$ 600 a partir de janeiro vai provocar uma aumento brutal da pobreza por conta da piora nas condições de vida pelo recuo na renda das famílias do país.

A omissão do governo de Jair Bolsonaro, que continua sem saber que rumo tomar para tirar o Brasil do buraco, levou a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), a anunciar o lançamento do Plano de Reconstrução e Transformação do Brasil, nesta segunda-feira, 21 de setembro. “Bolsonaro não tem a mínima ideia do que fazer de bom para o Brasil. O PT, que criou o Bolsa Família, apresenta seu plano para o país retomar o caminho da inclusão e desenvolvimento”, divulgou em seu perfil nas redes sociais.

De acordo com a deputada, o programa de superação da crise econômica e social do PT vai apontar novos rumos para o país retomar o desenvolvimento e combater a desigualdade. Coordenado pela Fundação Perseu Abramo, com a colaboração de setoriais e núcleos de acompanhamento de políticas públicas do PT, além das bancadas na Câmara e Senado, a proposta contempla sugestões de outros partidos de oposição para superar o impasse e definir saídas para o Brasil.

O programa trata do papel do Estado no desenvolvimento e na prestação de serviços públicos, o que coloca o PT em oposição direta ao projeto do ministro Paulo Guedes para a economia. A proposta foi elaborada ao longo dos últimos três meses e diverge dos caminhos trilhados pelo governo em temas relacionados à economia e à democracia, além de sugerir políticas públicas em áreas que vão de meio ambiente, saúde, educação e cultura.

Gleisi Hoffmann lamentou o fato de o governo ignorar solenemente os problemas do povo brasileiro, sem se importar com o fato de que a maioria da população sofrerá com o fim do auxílio, aprovado pelo Congresso por pressão do PT e dos partidos de esquerda. Gleisi aponta que pelo menos 25% da população brasileira ficará sem renda a partir de janeiro.

Mais Bolsa Família virou projeto de lei

O PT já apresentou uma proposta alternativa ao Congresso: a ampliação do Bolsa Família, que beneficiaria as famílias com renda de até R$ 600 por pessoa. As bancadas petistas na Câmara e no Senado avaliam que a nova versão do programa, chamado Mais Bolsa Família, poderia atender a mais 30 milhões de famílias, com custo mensal de R$ 19,2 bilhões, de R$ 230 bilhões por ano.

“Desde a implantação do Bolsa Família, e durante o endurecimento das regras em benefícios com Michel Temer, falamos sobre dificuldades extremas que os mais miseráveis do país sofrem até para garantir seus benefícios de direito”, denuncia o deputado Patrus Ananias (PT-MG), que foi ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome durante o governo Lula. “Os que estão hoje no poder não têm qualquer noção sobre isso e nem se preocupam com a maioria”.

O líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PR), alerta que ao anunciar o fim do Renda Brasil, Bolsonaro mostra seu desprezo pela maioria. “Este é um programa excludente e sem consistência para distribuir renda e acabar com a extrema pobreza”, adverte. “Ao contrário, Bolsonaro e Guedes pretendiam terminar vários programas sociais – criados nos governos petistas”.

Deste quinta-feira, 17, a Caixa Econômica Federal começou a pagar a metade do auxílio emergencial de R$ 300 aos inscritos no cadastro do governo. Aproximadamente 3 milhões de beneficiários do Bolsa Família não vão mais receber as próximas parcelas do auxílio emergencial.

 

Deputado Carlos Zarattini (Pt-SP): “Os recursos para o programa virão da tributação sobre lucros e dividendos e das grandes fortunas”. Foto: Reprodução

Saída para crise é ampliar o Bolsa Família

O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) disse que o Brasil precisa retomar o enfrentamento do problema da desigualdade. “O Bolsa Família precisa passar por um reforço diante do agravamento da crise econômica”, alerta. “Com a pandemia, passamos de 11 milhões para 20 milhões de desempregados. Por isso, a saída é ampliar o Bolsa Família”, resume o parlamentar.

A proposta que amplia o programa, apresentado pelas bancadas do PT na Câmara e no Senado, inclui 30 milhões de famílias entre os beneficiários pelo programa. A nova versão se chama Mais Bolsa Família, e eleva o benefício médio de R$ 78 para R$ 300, alcançando famílias brasileiras com renda de até R$ 600 por pessoa. “O PT tem proposta para cuidar do povo que mais precisa. Apresentamos um projeto de lei prevendo ampliação no valor do benefício e no número de famílias atendidas”, explica Zarattini. “Os recursos para o programa virão da tributação sobre lucros e dividendos e das grandes fortunas”.

A ex-ministra do Desenvolvimento Social Tereza Campello alerta que não há outra saída para reduzir os impactos da crise econômica que o país vive desde o afastamento de Dilma Rousseff em 2016, com o impeachment fraudulento e sem crime de responsabilidade. A situação se agravou em função da pandemia do Covid-19, que fez a economia recuar 10% entre abril e junho deste ano. “Ou fazemos isso, ou a desigualdade continuará crescendo”, adverte.

Da Redação