Após o Golpe de 2016, o flagelo da fome volta a apavorar o Brasil

De acordo com IBGE, entre 2017 e 2018 – depois do impeachment fraudulento que afastou Dilma – 10,3 milhões de brasileiros passaram privação de alimentos. Isso representa 5% da população brasileira. Governos Temer e Bolsonaro têm a marca do aumento da desigualdade e da miséria no país

Arte: Site do PT

O Brasil já havia voltado a figurar como um dos expoentes do Mapa da Fome das Nações Unidas, depois que a presidenta Dilma Rousseff sofreu um Golpe de Estado com o impeachment fraudulento aprovado pelo Congresso Nacional. Também já era sabido que a desigualdade de renda havia crescido no país desde 2016, de acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Mas agora é oficial. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulgou nesta quinta-feira, 17 de setembro, que a fome voltou a crescer entre 2017 e 2018 – final do governo de Michel Temer. Nada menos que 10,5 milhões de brasileiros sofreram algum tipo de privação alimentar nos últimos dois anos. Isso representa 5% da população brasileira. De acordo com a ONU, a desnutrição seguiu a trajetória de alta no governo Bolsonaro. O último relatório da organização, divulgado em julho, aponta que a insegurança alimentar moderada e aguda aumentou 13% no país entre 2016 e 2019.

“A fome é uma realidade dentro de casa, em especial para mulheres, pretos e pardos”, lamentou a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR). “Sem se preocupar com o povo, governo Bolsonaro se omite sobre alta dos preços da comida e corta o auxílio emergencial para R$ 300, o que vai agravar a situação”, criticou a parlamentar. Outros petistas engrossaram o coro. “Quatro em cada 10 famílias brasileiras vivem em insegurança alimentar”, denuncia o senador Humberto Costa (PT-PE). “O nome disso é fome. Esse foi o resultado do golpe. Temos que lutar todos os dias pra dar dignidade aos brasileiros, enquanto Bolsonaro já deu as costas ao povo”.

A ex-ministra Tereza Campello, ao lado de Dilma, lembra que em 2014, relatório da ONU excluiu o Brasil do Mapa da Fome. “A verdade é que os governos deixaram de dar combate à fome, que deixou de ser prioridade de Temer e Bolsonaro”, denuncia a economista

A ex-ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome no governo Dilma Rousseff, a economista Tereza Campello, diz que o resultado divulgado pelo IBGE é ação direta da agenda econômica adotada após o impeachment. “A verdade é que os governos deixaram de dar combate à fome, deixou de ser prioridade de Temer e Bolsonaro”, critica. “O relatório da FAO, de 2014, enumera os fatores decisivos para o Brasil ter saído do Mapa Mundial da Fome à época: o aumento da renda dos mais pobres, a criação de empregos, o Bolsa Família, o fortalecimento da agricultura familiar e a melhora da merenda escolar”, explica. “Isso tudo desapareceu”.

Combate à fome foi prioridade com Lula e Dilma

Tereza lembra que, entre 2002 a 2013, caiu em 82% a população de brasileiros considerados em situação de subalimentação. “O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo e mesmo assim a população se encontra agora em insegurança alimentar, porque a população não tem acesso à comida. Para ter acesso aos alimentos é preciso ter renda. Aumentamos o número de empregos formais e aumento do salário mínimo. Isso teve um impacto gigantesco, aumentando o acesso ao alimento”, ressalta.

A Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE mostra que a insegurança alimentar grave havia recuado de 8,2% da população em 2004 para 5,8% em 2009. Em 2013, a proporção havia cedido para 3,6%. Em 2014, no último ano do primeiro governo de Dilma, o Brasil deixou o Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Naquele ano, o país foi um dos grandes destaques do relatório. O indicador da fome volta agora a mostrar piora, um reflexo da omissão do governo federal.

O senador Humberto Costa (PT-PE): ”Esse foi o resultado do golpe. Temos que lutar todos os dias pra dar dignidade aos brasileiros, enquanto Bolsonaro já deu as costas ao povo”

Para identificar o número de pessoas em situação de insegurança alimentar grave, caracterizada pelo consumo insuficiente de alimentos, inclusive entre as crianças, o IBGE consultou 57.920 domicílios entre junho de 2017 e julho de 2018, período abrangido pelo governo Michel Temer. Bolsonaro agravou a política econômica do antecessor, o que significou um cavalo de pau nas prioridades de Lula e Dilma e o aprofundamento da agenda neoliberal sob os auspícios do ministro Paulo Guedes.

A situação mostrou-se mais grave nas regiões Norte e Nordeste, um padrão que se repete em outros indicadores sociais. Na região Norte, em 10,2% dos domicílios pelo menos um morador tinha fome, seguido pelo Nordeste (7,1%). O percentual era menor no Sul (2,2%) e Sudeste (2,9%).

Também era mais grave nas áreas rurais, outro padrão conhecido da fome no Brasil. Dados da pesquisa mostram que 7,1% dos domicílios tinham situação grave de insegurança alimentar, acima do registrado nas áreas urbanas (4,1%). Regiões rurais costumam ter menores rendimentos.

Vale lembrar que há pouco mais de um ano, Bolsonaro disse que a fome no Brasil era uma “grande mentira”. “Passa-se mal, não come bem. Aí eu concordo. Agora, passar fome, não”, afirmou o presidente na ocasião. “O projeto de Bolsonaro é a destruição”, criticou o senador Jean Paul Prates (PT-RN).

Da Redação

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