Partido dos Trabalhadores

Após liminar de reintegração, estudantes ficam isolados na Alesp

Ocupação entrou em seu terceiro dia. Familiares se mobilizam pelas redes sociais para levar alimentos e roupas limpas para os jovens 

Foto: Ocupa Alesp

Dois novos fatos movimentam a ocupação de secundaristas na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Nesta quinta-feira (5), os manifestantes foram isolados no plenário, com acesso somente a deputados e ao advogado, Victor Grampa, instantes depois de ser divulgado que o Tribunal de Justiça concedeu liminar de reintegração de posse. 

A presidência da Alesp, exercida pelo deputado Fernando Capez (PSDB), colocou mais tapumes para restringir o acesso às proximidades da ocupação, isolando os manifestantes. A mãe de uma estudante, Cláudia Rodrigues, contou à Agência PT de Notícias que, nesta manhã, ela também foi impedida de entrar na ocupação. 

Desde que começou o protesto, a entrada no plenário estava restrita aos parlamentares e a alguns funcionários autorizados pela Casa. Quando saíam para comer e para usar o banheiro, os secundaristas conseguiam conversar com a imprensa e com qualquer pessoa que estivesse por ali. 

Até quarta-feira, Cláudia estava entre os estudantes trabalhando para ajudar a organizar a alimentação e a limpeza. Ela lamentou que sua entrada tenha sido proibida. Para ela, a partir de agora, o principal é garantir que nenhum tipo de violência seja cometido contra o grupo. Pelas redes sociais, a mãe mobiliza outros familiares e apoiadores da luta dos estudantes para conseguir água, comida e roupas limpas. Itens de higiene pessoal também foram doados e os estudantes improvisaram um banho usando balde e água fria.  

Cláudia Rodrigues leva alimentos aos estudantes

O advogado Victor Grampa relatou que os estudantes passaram bem na última noite, mas se queixaram da luz, que fica acesa ininterruptamente, e do ar condicionado, que ficou desligado durante o dia e ligado em baixas temperaturas durante à noite. 

Grampa explicou que a Justiça estipulou o prazo de 24 horas para que o plenário seja desocupado voluntariamente. Se não for cumprida a decisão, cada manifestante pagará uma multa de R$30 mil. A defesa tentará negociar para que seja acionado um gripo de conciliação antes da cobrança da multa, caso os estudantes decidam resistir. 

O advogado afirmou ainda que os estudantes ainda não informaram como vão proceder diante da determinação judicial. “Tendo em vista o histórico das ocupações, eles já esperavam que aconteceria a ação de reintegração de posse, mas não sabíamos o teor”. 

Tapumes cercam o plenário da Alesp

A expectativa é que o oficial de Justiça faça a notificação ainda na quinta-feira – só depois desta ação é que começam a ser contadas as 24 horas. Se a desocupação acontecer, representantes do Conselho Tutelar devem acompanhar. 

Os estudantes ocuparam a Alesp para pressionar os deputados a assinar pela abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito que investigará desvios de verba da merenda em escolas administradas pelo governo de Geraldo Alckmin (PSDB).


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Por Daniella Cambaúva, da Agência PT de Notícias