No domingo, 14 de março, completou 3 anos do assassinato da vereadora do PSOL, mulher negra ativista dos direitos humanos, Marielle Franco, e o motorista Anderson Gomes no centro do Rio, em 2018. Sem respostas, pedidos de justiça transbordaram em atos no Brasil, e mundo afora.
“Março por Marielle e Anderson”. Em capitais como Londres (Inglaterra), Madrid (Espanha) e Buenos Aires (Argentina) faixas e cartazes cobravam a solução do crime e pediam resposta à pergunta: “Quem mandou matar Marielle e por que?”
O dia que lembrou o brutal assassinato, nomeado de #14M, foi registrado em reportagens de veículos de imprensa, e, nas redes sociais, as tags #3AnosSemRespostas e #JusticaPorMarielleEAnderson inundaram postagens de ativistas, anônimos, lideranças políticas e sociais, além de personalidades como a atriz Camila Pitanga. “3 anos que tentaram silenciar Marielle Franco. Só não sabiam que ela não iria sumir, que não iria calar, que sua voz seria nossa voz, que seu corpo seria nosso corpo, que sua ideia seria nossa ideia”, disse a atriz e militante. Veja íntegra do post aqui.
Sementes
Entre as sementes de Marielle Franco, as vereadoras negras, eleitas em 2020 pelo PT, Carol Dartora, Dandara Tonantzin e Ana Lúcia Martins escreveram sobre a data em suas redes.
“Já se passaram três anos, exatos 1.096 dias, e esse crime ainda continua sem solução. Quem mandou matar Marielle e por quê? Assim como essas perguntas, Marielle continua viva em cada uma de nós que luta todos os dias para ser respeitada em uma sociedade machista e desigual, que luta em defesa da mulheres, das negras e dos negros, das pessoas LGBTI+ e de todas as demais minorias políticas do nosso país”, diz trecho da postagem da vereadora de Curitiba no Instagram, Carol Dartora (PT), primeira mulher negra da história eleita na capital paranaense.
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Na mesma plataforma, a vereadora mais votada de Uberlândia, Dandara Tonantzin, destacou o legado de luta da parlamentar em seu primeiro mandato. “Marielle vive em memória, em força, como semente. Seguimos na luta para nunca sermos interrompidas por aqueles que tripudiam dos sonhos da nossa gente”.
“Eu sou, porque nós somos”. Foi reproduzindo a frase lema do mandato de Franco, que a primeira vereadora negra eleita de Joinville (PT), Ana Lúcia Martins, lembrou que a carioca defendia o povo preto, pobre e da favela.
Leia o post, aqui.
Na postagem, Ana Lúcia destaca o Março de Lutas e indica o documentário “Marielle Franco, eu sou porque somos”, promovido pela Articulação de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), disponível no YouTube, do Acervo Cultne.
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Fato em comum entre elas e a vereadora carioca? Todas são alcançadas pelas violências política, física e simbólica que atravessam a trajetória de cada uma delas, a cada passo que dão para derrubar as estruturas racista e machista, que mata e adoece.
Justiça para Marielle e Anderson
Na noite de domingo, o grupo Mulheres do PSOL – partido de Franco – organizou uma série de intervenções com projeções de vídeos e fotos sobre o caso, até hoje sem resposta, pedindo #JustiçaParaMarielleEAnderson.
As ações aconteceram em São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Minas Gerais, Fortaleza, Bahia, Paraíba, Alagoas, Pará, Santa Catarina e Amazonas, e fizeram uma denúncia do crime, pedindo celeridade na investigação que, três anos depois, ainda não foi concluída.
O assassinato brutal que marcou a história do país, para muitos, até hoje é visto como um ataque à democracia. Parlamentares e ativistas de direitos humanos interpretam o fato como uma tentativa de silenciar uma voz que clamava pelos direitos da população negra e periférica, das mulheres, e das pessoas LGBTQIA+.
Até o momento, 3 anos após o crime, somente o sargento aposentado da Polícia Militar Ronnie Lessa, acusado de ter efetuado os 13 disparos contra o carro da vereadora, e o ex-PM Élcio Queiroz, que teria dirigido o Cobalt prata de onde saíram os tiros que mataram a vereadora do PSOL e o motorista, foram detidos.
Eles estão presos desde março de 2019 e irão a júri popular.
Linha do tempo do crime
No site do Instituto Marielle Franco, além da campanha “Março por Marielle e Anderson”, um compilado com a linha do tempo sobre a crime e 14 perguntas sem respostas, resgatam o ocorrido. De acordo com a organização, sem fins lucrativos, o caso é mais que um marco na história de violações de direitos no Brasil e um atentado contra a democracia, pois “o episódio e sua investigação marcaram a história da polícia fluminense e auxiliou na abertura de investigações de diversos outros crimes do estado.”
Confira aqui a Linha do Tempo do Caso Marielle e Anderson.
“Oi Mari, oi Anderson. Hoje se completam 3 anos sem vocês aqui. Essa é uma carta de quem ama vocês. A saudade é grande, mas continuamos buscando por justiça e defendendo as suas memórias. Marielle e Anderson presente, hoje e sempre”, diz homenagem, em vídeo, publicada no Twitter do instituto.
Leia aqui o post completo, com a homenagem em vídeo
Ao lado da Placa Marielle Franco, inaugurada em frente à Câmara Municipal do Rio de Janeiro no domingo, a família da vereadora reiterou o pedido por justiça e defendeu a memória dela.
Vozes no parlamento
No parlamento federal, as vozes de parlamentares da Bancada do PT na Câmara Federal reiteraram a cobrança por justiça. Foi o caso das deputadas Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidenta nacional do PT, Benedita da Silva (PT-RJ), Maria do Rosário (PT-RS) e do líder do PT na Câmara, deputado Bohn Gass (PT-RS), entre outros.
“Hoje é um dia de cobrança por respostas e luto pela perda da nossa querida Marielle. Precisamos garantir os direitos e a proteção das mulheres no Brasil, sobretudo as que lutam politicamente por um país melhor. Quem mandou matar Marielle?”, cobrou Benedita da Silva.
“É inaceitável que até hoje não sabemos quem mandou matar Marielle e o motivo do crime. É crucial para a nossa democracia que o caso seja resolvido, pois não podemos permitir mais ataques aos direitos fundamentais dos grupos historicamente oprimidos que Marielle tanto defendia”, destacou Gleisi em seu facebook.
Confira aqui, íntegra das manifestações do PT no parlamento.
Da Redação, com informações do Brasil de Fato e Instituto Marielle Franco