Não existe dificuldade em se estabelecer uma boa relação entre a comunidade evangélica e o Partidos dos Trabalhadores e o ex-presidente Lula. A avaliação é de uma das pessoas com as melhores condições para fazer tal análise: a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), que já era evangélica quando ajudou a fundar o PT, mais de quatro décadas atrás.
“A pandemia não poupou nenhum setor social, inclusive o povo evangélico”, lembra Benedita em entrevista à revista Veja. “O maior fator de reaproximação da base evangélica e também de muitos pastores com Lula é a realidade social que os nossos irmãos e irmãs estão passando. Para o povo que sofre calado, basta comparar a situação atual com a sua vida durante o governo de Lula”, acrescenta.
Na conversa, a deputada lembra que “Lula sempre ouviu essa parcela da nossa sociedade” e que “boa parte dos filiados e militantes do PT é evangélica”. “Não existe nenhuma dificuldade nessa relação”, constata.
De acordo com Benedita, caso Lula volte a governar o país, a relação respeitosa certamente será mantida. “Nos 13 anos em que governou o país, o PT mostrou claramente que respeita a diversidade religiosa da população brasileira conforme os princípios do Estado laico. Nesse sentido, o partido manteve e mantém com os segmentos evangélicos diálogos construtivos sempre em prol da melhoria das condições de vida do povo mais pobre. Em um possível novo governo do PT, manteremos o mesmo respeito e vamos procurar ampliar ainda mais o nosso diálogo com as diferentes denominações religiosas”, antecipa.
Ela acrescenta que o PT no governo é a garantia de que todos podem professar sua fé sem medo de discriminação. “O PT é um partido organizado em todo o país e cumpre a Constituição brasileira, que garante a pluralidade ideológica e religiosa da sociedade. Portanto, o PT respeita, valoriza e defende o que determina a nossa Constituição com princípios de convivência democrática e que nenhum segmento possa impor o seu pensamento aos demais. Isso significa dizer que o direito de um termina quando começa o do outro. Para isso temos a Constituição Federal”, diz.
Liberdade e melhoria de vida
Em novembro passado, Benedita ajudou a promover um encontro virtual de Lula com diversas lideranças evangélicas de todo o país. Na ocasião, ela destacou como os governos do ex-presidente foram benéficos para essa parcela da sociedade.
Ela informou, por exemplo, que, dos 38 milhões de negras e negros que tiveram acesso a água potável nos governos petistas, 13 milhões eram evangélicos. Que, de 35,6 milhões que ganharam acesso a energia elétrica, 12,5 milhões seguem a religião. E, dos mais de 19 milhões de empregos com carteira assinada criados nos governos Lula e Dilma, 6 milhões foram conquistados por evangélicos.
“Nós, evangélicos, representamos 32% da sociedade brasileira, porém, entre os públicos mais vulneráveis, há uma presença ainda maior de evangélicos. E todas as políticas que foram implementadas no governo Lula, consequentemente, atingiram as nossas famílias evangélicas”, disse Benedita.
A deputada federal também se juntou a outros participantes do encontro para destacar a garantia que o governo Lula deu aos brasileiros para professarem sua fé de forma livre. “Em dezembro de 2003, Lula sancionou a lei que alterava o Código Civil e garantia a liberdade religiosa e a liberdade de as igrejas se organizarem como quiserem”, frisou a deputada.
Da Redação