A família do coordenador da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, tem um longo histórico de disputa por terras em área da Amazônia Legal no Mato Grosso. Os conflitos envolvem grilagens, autuações por desmatamento ilegal e o recebimento de pelo menos R$37 milhões por desapropriações – alto valor que foi contestado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que acredita haver irregularidades no pagamento.
Uma série de reportagens do observatório De Olho nos Ruralistas mostra que a história do clã na região teve início ainda na década de 70. Ao longo desse tempo, a família Dallagnol chegou a ter 400 mil hectares na região de Nova Bandeirantes (MT). A área é equivalente ao país africano Cabo Verde.
Por trás do latifúndio da família há um grande histórico de conflitos – de denúncias de desmatamento ilegal a disputa por terras que gerou uma indenização milionária que já foi contestada pelo Incra.
Em dezembro de 2016, durante o governo de Michel Temer, o clã recebeu R$36,9 milhões pela desapropriação de 37 mil hectares. O valor foi questionado pelo Conselho Diretor do Incra que, em maio deste ano, definiu em uma resolução pelo bloqueio do bens depositados. A portaria assinada pelo presidente do Instituto, general Carlos Jesus Corrêa, aponta que há “indícios de irregularidades” no pagamento.
14 parentes de Deltan estão envolvidos
Os conflitos latifundiários envolvem pelo menos 14 parentes do procurador Deltan: Vilse Salete Martinazzo e Agenor Dallagnol (pais); Sabino Dallagnol e Mathilde Rovani Dallagnol (avós paternos); Derci, Leonar, Veneranda e Iolanda Dallagol (tias); Xavier, Eliseu Eduardo e Eduardo Carlos Dallagnol (tios); Ninagin e Belchior Prestes Dallagnol (primos).
A reportagem esclarece ainda que, embora Deltan não esteja diretamente relacionado aos casos citados, ele é filho e, portanto herdeiro de Agenor, um dos beneficiados pela desapropriação do Incra. E que a sua história está longe do discurso anticorrupção que tenta vender com a Operação Lava Jato.
Familiares de Deltan foram flagrados em desmatamento ilegal
O levantamento mostra ainda que os negócios da família na região são geridos principalmente por Xavier e Leonar – esse último conhecido como “Tenente”. Os dois são irmãos e já foram flagrados em desmatamento irregular.
Eles foram autuados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama) por desmatamento ilegal em 2017. Já o “Tenente” chegou a assinar termo de conduta com o Ministério Público Estadual do Mato Grosso por degradação ambiental após ser acusado de destruir vegetação em área de reserva legal.
Os dois tios de Deltan Dallagnol também são acusados de lotear terras ilegalmente. Eles são alvos de um inquérito em Nova Monte Verde, município próximo a Nova Bandeirantes.
Da Redação da Agência PT de Notícias com informações do observatório De Olho nos Ruralistas